Educação no RS: milhares de estudantes continuam sem aulas após chuvas

Mais de 8.000 estudantes continuam sem aulas e 36 mil estão em regime remoto no RS

Por Plox

22/06/2024 14h32 - Atualizado há 3 meses

As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em maio ainda mantêm milhares de crianças e adolescentes fora das escolas. Segundo a Secretaria Estadual de Educação, 27 escolas permanecem fechadas, afetando mais de 8.400 estudantes. Além disso, 36 mil alunos estão sendo atendidos por meio de ensino remoto.

Foto: secretaria da educação SC/Reprodução de video

Em Porto Alegre, 7.000 alunos da rede municipal estão sem aulas, com 14 escolas municipais ainda impossibilitadas de funcionar devido aos alagamentos. Em Canoas, uma das cidades mais afetadas, apenas oito das 44 escolas municipais reabriram na última terça-feira (18), com mais seis previstas para retomar atividades na próxima semana, enquanto 30 continuam necessitando de limpeza ou estão sendo usadas como abrigos.

Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Rio Grande do Sul, localizada no bairro Mato Grande em Canoas, a água invadiu salas de aula, destruindo parte da biblioteca e do material didático. Cerca de 60% dos 700 alunos retornaram às aulas. “Na pandemia, as pessoas tinham minimamente o conforto de suas casas. Muitos da nossa comunidade não têm mais casa, não têm para onde retornar”, relatou o diretor Fernando Lazzaretti, comparando o impacto das enchentes com a pandemia.

Alguns estudantes, como os filhos da dona de casa Janete da Silva Campos, ainda estão sem aulas. Matriculados na Escola Municipal de Ensino Fundamental Assis Brasil, que continua coberta de entulho, as crianças de 7, 12 e 14 anos não têm material escolar ou uniforme para retornar às aulas. “Eles ficam em casa o dia todo, perdem tempo com brincadeira, correndo na rua”, lamentou Janete.

A maior escola de Canoas, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Thiago Würth, que atendia cerca de 1.300 alunos, ainda passa por limpeza realizada pelo Exército brasileiro. O assessor pedagógico José de Jesus D’Avila, que trabalha há 31 anos na escola, destacou a tristeza de ver as crianças fora da sala de aula, mas mostrou-se esperançoso: “Nós vamos levantar a escola de novo”.

O impacto das chuvas também afetou escolas que se tornaram abrigos, como a do filho de Gisele Vidal, de 8 anos, que não teve seu bairro atingido, mas vê a escola fechada. “Ele perguntou se a gente ia voltar antes da festa de São João”, disse Gisele, lembrando do aniversário do filho que seria comemorado na escola.

O secretário municipal de Educação de Canoas, Aristeu Ismailow, espera que todas as escolas retomem as atividades até a metade de julho. “Firmamos uma parceria com o Exército e também temos uma contratação para a limpeza das nossas escolas”, afirmou, destacando a reorganização do calendário escolar para cumprir as 800 horas/aulas anuais exigidas pelo Ministério da Educação (MEC).

O governo estadual começou a distribuir novo mobiliário para escolas em Canoas e Venâncio Aires, com previsão de atender mais 15 escolas em outras cidades até 26 de junho. O MEC também abriu prazo para que escolas solicitem material didático perdido nas chuvas e destinou R$ 71,9 milhões para alimentação escolar, limpeza e pequenas reformas no estado.

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