Vaticano excomunga freiras espanholas após disputa imobiliária
Arcebispo de Burgos confirma que decisão de rompimento partiu das próprias irmãs
Por Plox
22/06/2024 14h23 - Atualizado há 11 meses
As dez freiras Clarissas do norte da Espanha, em conflito com o Vaticano há um mês, foram excomungadas, conforme anúncio da arquidiocese de Burgos neste sábado (22). Segundo o arcebispo de Burgos, Mario Iceta, as próprias irmãs solicitaram o rompimento ao enviar uma declaração de "afastamento voluntário" por burofax, uma carta certificada com valor jurídico.

O caso envolve as religiosas de Santa Clara de Belorado, uma comunidade de 16 irmãs. Em 13 de maio, elas publicaram um "manifesto" de 70 páginas e uma carta nas redes sociais, anunciando a ruptura com a Igreja Católica e denunciando uma "perseguição" devido a uma disputa imobiliária com seus superiores. O texto, assinado pela madre superiora Isabel de la Trinidad, critica um suposto "caos doutrinário" do Vaticano e acusa a Igreja de "contradições".
Em 2020, as freiras haviam acordado a compra do convento de Orduña, no País Basco, com o bispado vizinho de Vitoria, mas a venda foi bloqueada em Roma. Além disso, as freiras agora se declaram sob a autoridade de Pablo de Rojas Sánchez-Franco, um sacerdote excomungado e fundador da Pia União de São Paulo Apóstolo. Ele alega ser membro do "sedevacantismo", corrente que considera heréticos todos os papas após Pio XII.
Após a publicação da carta das freiras, o arcebispo de Burgos tentou inicialmente promover o diálogo. No entanto, diante da resistência das irmãs, pediu que confirmassem sua decisão perante um tribunal eclesiástico. A excomunhão foi oficializada no sábado, incluindo a expulsão ipso facto da vida consagrada.
As irmãs Clarissas mantêm o mosteiro de Santa Clara de Belorado, uma localidade com 1.800 habitantes, a cerca de 50 km de Burgos. A situação tem gerado grande repercussão na região, especialmente devido às acusações de perseguição e doutrinas confusas por parte do Vaticano.