Irã busca apoio de Putin após ataque dos EUA

Presidente iraniano envia chanceler a Moscou enquanto Teerã avalia resposta e Rússia analisa implicações geopolíticas

Por Plox

22/06/2025 12h21 - Atualizado há cerca de 19 horas

A escalada de tensão no Oriente Médio ganhou novos contornos neste domingo (22), após o Irã intensificar seus ataques com mísseis balísticos contra Israel em resposta ao bombardeio das instalações nucleares do país por parte dos Estados Unidos.


Imagem Foto: Reprodução vídeo


Cerca de 40 projéteis atingiram três regiões israelenses, inclusive Tel Aviv, deixando ao menos 30 feridos. Esse número é o dobro da média registrada nos últimos dias, o que demonstra uma intensificação por parte de Teerã, após as declarações de Donald Trump sobre os ataques.



Diante da ofensiva americana, o governo iraniano prometeu retaliar e decidiu buscar apoio de um de seus principais aliados: a Rússia. O chanceler Abbas Araghchi declarou em Istambul que “a agressão será respondida antes de qualquer retomada diplomática”. De lá, ele embarcou para Moscou, onde se encontrará nesta segunda-feira (23) com o presidente Vladimir Putin.



O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, reforçou a posição do país dizendo que o Irã sempre defenderá seu território e seus recursos. A resposta militar direta aos Estados Unidos, no entanto, ainda é uma incógnita, já que Putin, apesar de solidário, precisa pesar os riscos globais de um envolvimento direto no conflito.



Putin mantém sua prioridade na Ucrânia, onde tenta preservar o apoio estratégico de Trump, com quem compartilha visão sobre o conflito europeu. Qualquer movimento mais ousado ao lado do Irã pode comprometer esse canal. Ainda assim, o apoio russo é crucial para Teerã neste momento.



O Irã avalia três caminhos possíveis: aceitar a proposta de cessar-fogo sugerida por Trump, responder com ações indiretas via milícias aliadas na região, ou iniciar um conflito mais amplo. Historicamente, a teocracia iraniana se mostra relutante em qualquer atitude que pareça submissão aos EUA, o que torna a capitulação improvável.



Entre as alternativas, uma delas inclui ataques indiretos por meio de grupos aliados como as milícias xiitas do Iraque ou os houthis do Iêmen. Essas ações, porém, exigem cautela para evitar retaliações americanas ainda mais severas. Outra opção seria o bloqueio do Estreito de Hormuz, uma via estratégica por onde passa boa parte do petróleo mundial, o que poderia gerar uma crise econômica global.



A crise foi desencadeada pela retomada acelerada do programa nuclear iraniano após a saída dos EUA do acordo em 2018, durante o primeiro mandato de Trump. Especialistas indicam que o Irã já possui capacidade para fabricar múltiplas bombas atômicas. Trump, então, reiniciou as negociações com pressão militar, exigindo o fim total do programa.



Israel, alegando risco iminente, iniciou uma campanha aérea contra alvos militares no Irã, que enfraqueceu significativamente as defesas do país. Neste contexto, Trump ordenou o ataque que destruiu as instalações de Fordow, Natanz e Isfahan, alegando que o objetivo era garantir segurança para os EUA e seus aliados.



O ataque foi calculado para obter resultados estratégicos sem tentar mudar o regime iraniano, embora o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu tenha sugerido medidas mais radicais, como a eliminação do líder Ali Khamenei. Trump, contudo, evita se envolver diretamente em mudanças de regime para não desagradar sua base política.



Agora, o temor é que o Irã aposte em uma resposta mais agressiva, possivelmente incentivada por promessas não públicas do Kremlin. Para Putin, manter a teocracia iraniana é estratégico para sustentar sua influência no Oriente Médio, especialmente após perdas recentes na Síria.



O desenrolar dos próximos dias pode redefinir o equilíbrio geopolítico da região e trazer impactos diretos para a economia global e a segurança internacional.


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