Venezuela enfrenta incertezas a uma semana da eleição presidencial

Pesquisas divergentes marcam cenário eleitoral a sete dias da eleição

Por Plox

22/07/2024 09h18 - Atualizado há cerca de 1 mês

As pesquisas eleitorais na Venezuela apresentam cenários bastante distintos para o pleito presidencial marcado para o próximo domingo (28). Algumas sondagens indicam uma vitória expressiva para o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, enquanto outras preveem a reeleição do atual presidente Nicolás Maduro com uma margem confortável.

Institutos como Datincorp, Delphos e Meganálisis apontam para uma vitória de Edmundo González, candidato da Mesa da Unidade Democrática (MUD), que recebe apoio de María Corina Machado, inicialmente favorita da oposição, mas que teve sua candidatura vetada por questões judiciais. Em contrapartida, pesquisas do Centro de Medição e Interpretação de Dados Estatísticos (Cmide), Hinterlaces e Internacional Consulting Services (ICS), sugerem que Nicolás Maduro deve assegurar um terceiro mandato.

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Histórico de pesquisas e opiniões de especialistas

O sociólogo e analista político venezuelano Luis Salas destacou à Agência Brasil que as pesquisas historicamente superestimam o voto opositor. "Historicamente, desde que o chavismo chegou ao poder, as pesquisas sempre sobrevalorizaram o voto opositor. Desde que Chávez foi presidente, e depois Maduro, os principais institutos de pesquisa erram e favoreceram o voto da oposição", afirmou Salas.

Carmen Beatriz Fernández, diretora da DataStrategia, apontou para falhas metodológicas e a volatilidade do eleitorado como causas de erros nas pesquisas eleitorais. "Por que falham as pesquisas eleitorais? Basicamente por três razões: por causa da volatilidade do eleitorado; por falhas metodológicas e porque não são pesquisas, se não pseudopesquisas feitas para desinformar e serem usadas como propaganda", declarou em uma rede social.

Francisco Rodriguez, professor da Universidade de Denver, acrescentou que desde 2017, sete institutos de pesquisa vêm supervalorizando o voto opositor em média 27,8%. "Esses mesmos inquéritos sobrevalorizaram o voto da oposição, em média, nos últimos 10 anos, em 27,8%. Se corrigirmos esse viés, teríamos um virtual empate técnico [entre Maduro e Edmundo González]", afirmou Rodriguez.

Eleições na Venezuela: contexto e desafios

A Venezuela, detentora da maior reserva comprovada de petróleo do mundo, vai às urnas no próximo domingo com cerca de 21 milhões de eleitores aptos a escolher o próximo presidente que governará de 2025 a 2031. O presidente Nicolás Maduro, que está no poder desde 2013, enfrenta nove concorrentes.

Esta eleição marca a primeira participação plena da oposição desde 2015, após anos de boicotes eleitorais. Desde 2017, a Venezuela enfrenta um bloqueio financeiro e comercial por parte de potências como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e União Europeia, que não reconhecem a legitimidade do governo Maduro.

O país passou por uma severa crise econômica, com hiperinflação e perda de 75% do PIB, levando à migração de mais de 7 milhões de pessoas. Desde 2021, a economia começou a mostrar sinais de recuperação, com o fim da hiperinflação e crescimento econômico em 2022 e 2023, embora os salários permaneçam baixos e os serviços públicos deteriorados.

Expectativas e tensões pré-eleitorais

Desde 2022, o embargo econômico tem sido parcialmente flexibilizado, e um acordo entre oposição e governo foi firmado para as eleições deste ano. No entanto, denúncias de prisões de opositores e a recusa de alguns candidatos, incluindo Edmundo González, em assinar um acordo para respeitar os resultados eleitorais, lançam dúvidas sobre o dia seguinte à votação.

 

 

 

 

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