Entenda como exames simples podem prevenir o câncer colorretal

Casos crescem entre jovens e exames como sangue oculto nas fezes e colonoscopia são fundamentais para o diagnóstico precoce

Por Plox

22/07/2025 09h30 - Atualizado há 3 dias

O câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino, é um dos mais incidentes no mundo, atingindo homens e mulheres com igual frequência. Embora seja altamente prevenível, os números mostram um crescimento preocupante de casos, principalmente entre os mais jovens. A cantora Preta Gil, que lutou contra a doença desde 2023, morreu neste domingo (20), aos 50 anos, em Nova York, após enfrentar uma metástase.


Imagem Foto: Redes sociais


A prevenção desse tipo de câncer pode ser feita por meio de dois exames fundamentais: o de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia. Enquanto o primeiro serve como triagem, o segundo permite uma investigação aprofundada e até a remoção de pólipos — lesões que, em até 90% dos casos, antecedem o surgimento do tumor.


O exame de sangue oculto nas fezes é simples, barato e pode ser solicitado por qualquer médico. Basta coletar uma amostra em recipiente adequado, fornecido pelo laboratório ou farmácia. Mesmo que o exame aponte traços de sangue, isso não é um diagnóstico de câncer, mas um alerta para que se investigue mais a fundo, especialmente com a colonoscopia.



A colonoscopia é o exame mais eficaz para detectar e prevenir o câncer colorretal. Por meio de uma câmera inserida no intestino, é possível visualizar lesões e remover pólipos durante o procedimento. A coordenadora da SBOC, Ignez Braghiroli, destaca que este é o único exame de rastreamento capaz de interromper a progressão do câncer.
“A colonoscopia pode identificar pólipos - que em 90% das vezes são lesões precursoras - e remover estes pólipos. Este é o único exame de rastreamento onde você não deixa desenvolver o câncer”,

afirmou.

O exame costuma ser indicado a partir dos 50 anos no Brasil, mas nos Estados Unidos já é recomendado a partir dos 45, e no Japão, dos 40. Se nenhum pólipo for encontrado, a repetição pode ocorrer apenas 10 anos depois. Quando há histórico familiar ou lesões identificadas, o intervalo entre os exames é menor.



Apesar de ser considerado indolor por causa da sedação, o preparo para a colonoscopia ainda afasta muitos pacientes. É necessário seguir dieta especial e tomar laxantes no dia anterior. Por isso, muitas clínicas oferecem internação para maior conforto. O oncologista Décio Lerner reforça que a colonoscopia, embora segura, pode causar perfuração intestinal em raros casos (0,2%).


A versão virtual do exame, feita por tomografia com contraste, é uma opção para idosos ou pacientes com restrições cardíacas. No entanto, se houver suspeita de lesões, a colonoscopia tradicional ainda será necessária para intervenção.



No Sistema Único de Saúde (SUS), o rastreamento é possível, embora ainda não exista uma política pública formal. Pessoas com histórico familiar são priorizadas na fila. Em algumas localidades, o SUS também oferece o exame de sangue oculto nas fezes, que deveria ser feito anualmente a partir dos 45 anos, segundo especialistas. Fábio Campos, coloproctologista da USP, defende que o exame seja amplamente adotado, sobretudo entre os jovens.


A incidência do câncer colorretal entre pessoas de 20 a 39 anos tem crescido de forma constante. Dados de 2022 apontam que mais de 1,9 milhão de casos foram registrados no mundo, com aproximadamente 900 mil mortes. Só no Brasil, a previsão é de 46 mil novos diagnósticos neste ano, sendo 90% deles em pessoas acima dos 50 anos.



A doença é influenciada por fatores genéticos e hábitos de vida. Tabagismo, álcool, consumo de carnes processadas, obesidade, dieta rica em ultraprocessados e sedentarismo são fatores que aumentam o risco. A chamada dieta “ocidentalizada”, com alto teor de açúcar e carne vermelha, tem sido associada ao aumento de casos em países desenvolvidos, como Austrália, Coreia do Sul e Nova Zelândia.


Entre os principais sinais do câncer colorretal estão a presença de sangue nas fezes, dores abdominais prolongadas, perda de peso repentina, constipação ou diarreia recorrente. Todos esses sintomas devem ser investigados o quanto antes.


Em meio à busca por novas formas de prevenção, pesquisadores da Universidade da Flórida trabalham em uma vacina experimental de mRNA que, em testes com camundongos, eliminou tumores e intensificou a ação da imunoterapia. A pesquisa, publicada recentemente, representa um avanço na busca por uma vacina universal contra o câncer.



O caso de Preta Gil trouxe visibilidade à doença e acendeu um alerta para a importância do diagnóstico precoce. A luta da artista por dois anos incluiu tratamentos experimentais nos Estados Unidos, e sua trajetória sensibilizou o país para a gravidade e os desafios do câncer de intestino.


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