Lucro suspeito com dólar leva Moraes a acionar PF
Ministro do STF autoriza investigação sobre operações cambiais milionárias realizadas antes de anúncio de tarifas dos EUA
Por Plox
22/07/2025 10h41 - Atualizado há 3 dias
Uma movimentação fora do padrão no mercado financeiro chamou a atenção das autoridades brasileiras e levou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a determinar a abertura de um inquérito pela Polícia Federal. A medida, anunciada na segunda-feira (21), tem como objetivo investigar suspeitas de uso de informação privilegiada em transações cambiais que antecederam a imposição de tarifas dos Estados Unidos ao Brasil.

A decisão foi motivada por um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), que identificou operações financeiras com indícios de irregularidade. Operadores do mercado teriam se beneficiado de informações sigilosas sobre o anúncio do presidente norte-americano Donald Trump, feito no dia 9 de julho, às 16h17, que estabeleceu uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo as apurações iniciais, essas operações renderam lucros expressivos em menos de três horas, com valorização de até 50% nas cotações do dólar.
As evidências apresentadas pela AGU incluíram uma publicação feita por Spencer Hakimian, gestor da Toulou Capital, que compartilhou em suas redes sociais detalhes sobre essas movimentações bilionárias. A divulgação foi considerada pela AGU como um elemento importante e foi anexada ao pedido enviado ao STF.
Para a AGU, o comportamento dos investidores fere o artigo 27-D da Lei 6.385/76, que caracteriza como crime o chamado insider trading — o uso de informações relevantes ainda não disponíveis ao público para obter vantagem financeira. O inquérito foi colocado sob sigilo e será conduzido de forma conectada a outra investigação em curso sob relatoria do próprio Moraes. Essa investigação envolve o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusado de colaborar com parlamentares republicanos nos Estados Unidos para pressionar o governo norte-americano contra o STF. O objetivo, segundo as acusações, seria forçar a anulação de um processo criminal contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Além da Polícia Federal, a AGU também solicitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acompanhem o caso. A expectativa é que sejam tomadas medidas administrativas e criminais cabíveis, caso as irregularidades se confirmem.
\"As operações apontam para possível uso indevido de informação relevante antes de sua divulgação oficial, o que configura grave violação legal\", afirmou a AGU no pedido encaminhado ao STF.