CPI do INSS investigará fraude bilionária sem blindar partidos

Carlos Viana promete apuração ampla sobre descontos irregulares em aposentadorias entre 2019 e 2024, com foco em sindicatos e bancos

Por Plox

22/08/2025 08h34 - Atualizado há 2 dias

Na próxima terça-feira, 26 de agosto, começam oficialmente os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, presidida pelo senador Carlos Viana, de Minas Gerais, filiado ao Podemos.


Imagem Foto: Agência Senado


A comissão foi criada para apurar um rombo superior a R$ 6 bilhões causado por descontos irregulares nos benefícios de aposentados entre os anos de 2019 e 2024. Segundo Viana, a meta é identificar os autores das fraudes, rastrear o caminho do dinheiro e indicar formas de impedir que crimes semelhantes se repitam no futuro.



Em entrevista à Rádio Itatiaia nesta sexta-feira (22), o senador afirmou que a CPI não fará distinção partidária na investigação. Apesar de afirmar que muitas das associações envolvidas possuem vínculos com partidos de esquerda e com sindicatos, ele reforçou que há também suspeitas de atuação de grupos ligados à direita, especialmente no fim do governo anterior.
\"Nós vamos expor não somente aqueles que têm ligação com a esquerda, mas também os que têm ligação com a direita. A minha visão é de completa independência nessa investigação\", garantiu Viana

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Ao escolher Alfredo Gaspar (União-AL) como relator da CPI, Viana surpreendeu o governo federal, que esperava manter o controle da comissão. O relator, que tem histórico no Ministério Público, foi apontado pelo presidente da CPI como alguém com experiência necessária para conduzir apurações com profundidade e isenção.



A comissão, com o apoio da DataPrev, buscará identificar quem teve acesso aos cadastros de aposentados e quem autorizou os descontos nos contracheques, especialmente em situações que envolviam ofertas de empréstimos consignados pouco tempo após a concessão do benefício.



Além de sindicatos e associações, as apurações também poderão alcançar bancos e instituições de crédito, caso haja indícios de participação nos descontos ilegais. Viana afirmou que não permitirá que a comissão seja usada como palanque político e reiterou seu compromisso com resultados concretos.
“Eu tenho a política como a área em que a gente dá resultados, e a CPI vai trabalhar nessa linha”, afirmou o senador

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A comissão pretende ainda convocar ex-ministros, antigos presidentes do INSS e poderá solicitar a quebra de sigilos bancário e fiscal para aprofundar as investigações. O trabalho contará com suporte da Polícia Federal, da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU), órgãos que deverão atuar na coleta e cruzamento de dados.



Com um discurso enfático sobre a necessidade de transparência, Viana reforçou que a CPI está focada em devolver credibilidade ao sistema previdenciário brasileiro, atingido duramente por esquemas de desvio e uso indevido de dados dos segurados. A expectativa é que o relatório final traga nomes, provas e caminhos jurídicos para responsabilização dos envolvidos.


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