Governo rejeita Ozempic no SUS por custo bilionário
Conitec avalia que medicamento para obesidade pode gerar até R$ 6 bilhões em gastos nos próximos cinco anos
Por Plox
22/08/2025 10h19 - Atualizado há 1 dia
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), vinculada ao Ministério da Saúde, decidiu não aprovar a inclusão dos medicamentos Ozempic, Wegovy e Saxenda — conhecidos como 'canetas emagrecedoras' — no sistema público de saúde.

A decisão foi tomada nesta quarta-feira (21), após análise que considerou os elevados custos do tratamento. Estima-se que, caso incorporada, a semaglutida — princípio ativo do Ozempic e Wegovy — poderia acarretar um impacto financeiro de até R$ 6 bilhões em cinco anos para os cofres públicos.
A proposta previa que a semaglutida fosse ofertada a pessoas obesas, com histórico de doenças cardiovasculares e acima dos 45 anos, mas sem diagnóstico de diabetes. Já a liraglutida, presente no Saxenda, seria direcionada a pacientes com obesidade e diabetes tipo 2.
Em parecer anterior, publicado em maio, a própria Conitec já havia apontado que a adoção dessas terapias exigiria acompanhamento multiprofissional, incluindo suporte psicológico, o que dificultaria a aplicação em larga escala pelo SUS.
Após essa recomendação, uma consulta pública foi aberta em junho para ouvir especialistas e a sociedade. Mesmo com sugestões e debates, o posicionamento da comissão se manteve.
Durante a cúpula dos Brics em julho, no Rio de Janeiro, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou que qualquer decisão dependeria da comprovação de eficácia dos medicamentos.
No início de agosto, a Fiocruz anunciou parceria com a farmacêutica EMS para produzir versões nacionais da semaglutida e da liraglutida. A medida visa reduzir custos e facilitar uma futura oferta pelo SUS, porém, antes disso, será necessário novo aval da Conitec.
A decisão reforça o desafio do sistema público em equilibrar avanços terapêuticos com a sustentabilidade financeira da saúde pública no Brasil.