HIV cria refúgio no intestino e desafia ação de remédios, aponta pesquisa

Estudo da Universidade de Yale revela que o vírus se esconde em células T intestinais com ajuda do fator BACH2, dificultando sua eliminação

Por Plox

22/08/2025 11h44 - Atualizado há 1 dia

Cientistas da Universidade de Yale identificaram um novo mecanismo que permite ao HIV escapar dos tratamentos antirretrovirais: o vírus se esconde em células T localizadas no intestino, utilizando um fator de transcrição chamado BACH2. A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira (21) na revista

Imagem Foto: Reprodução
Immunity.



Apesar dos avanços nos medicamentos que controlam a carga viral e prolongam a vida de pessoas infectadas, ainda não há cura definitiva para o HIV. O estudo revela que o vírus utiliza o BACH2 para transformar células T de curta duração em células duradouras e inativas, que permanecem no intestino por longos períodos sem serem atacadas pelo sistema imunológico.



Segundo a professora associada da Escola de Medicina de Yale, Ya-Chi Ho, o BACH2 tem papel crucial nesse processo. “Esse fator orienta as células T a permanecerem no intestino, viverem por um tempo prolongado e evitarem respostas inflamatórias que poderiam destruí-las. Isso cria um esconderijo ideal para o HIV”, explicou a pesquisadora.



O intestino, constantemente exposto a agentes patogênicos alimentares, abriga um grande contingente de células T como parte do sistema de defesa do corpo. No entanto, essa proteção também oferece um ambiente seguro para o HIV, que consegue se manter indetectável e inativo nessas células.



A equipe de Yale observou que, enquanto o sistema imunológico consegue combater o vírus em outras partes do corpo, no intestino a resposta é limitada. Isso ocorre porque o BACH2 ajuda a suprimir a atividade das células T, impedindo a detecção do HIV.



Embora o BACH2 represente um alvo terapêutico promissor, os cientistas alertam para os desafios dessa abordagem. Como o fator está presente em todo o organismo e é essencial para a função imunológica, o desafio será atingir apenas as células infectadas pelo HIV.


“Não podemos eliminar todas as células T de longa duração”, ressalta Ho. “O objetivo é encontrar um método que ataque apenas as que abrigam o HIV.”



Os pesquisadores agora expandem os estudos para entender como o vírus se esconde em outras regiões, como gânglios linfáticos e células cancerígenas. Eles também investigam como as células intestinais e os microrganismos locais interagem com o BACH2, o que pode abrir caminho para novas estratégias de tratamento.


Compreender essa rede de interações poderá ser a chave para eliminar os reservatórios do HIV e alcançar, no futuro, a cura da infecção.


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