Eduardo Suplicy revela estar com Parkinson e tratando com Cannabis Medicinal

Suplicy realiza o tratamento com cannabis em paralelo ao uso de outros medicamentos específicos para o Parkinson

Por Plox

22/09/2023 16h05 - Atualizado há cerca de 1 ano

O deputado estadual de São Paulo de 82 anos, Eduardo Suplicy, revelou à “Folha de S. Paulo” ter sido diagnosticado com Parkinson e ter iniciado um tratamento baseado em Cannabis medicinal.

Suplicy afirmou que a doença foi identificada ainda em estágio inicial e apenas com sintomas leves no início do ano passado. Para o tratamento foi importado um vidro de Cannabis industrializada no mês de fevereiro, do qual Suplicy revelou tomar cinco gotas de manhã, à tarde e à noite. O deputado revelou, ainda, que o tratamento é feito em paralelo ao uso de Prolopa, medicamento amplamente utilizado para tratar o Parkinson.

Foto: Will Shutter/Câmara dos Deputados

 

O que é a Cannabis Medicinal?

A Cannabis medicinal refere-se ao uso da planta Cannabis sativa ou seus compostos para fins terapêuticos. A Cannabis contém mais de 100 compostos conhecidos como canabinoides, sendo o delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD) os mais estudados.

A Cannabis medicinal é usada para tratar uma variedade de condições médicas, incluindo epilepsia refratária, algumas situações em esclerose múltipla, determinados sintomas do câncer e seus tratamentos, entre outras. Também tem sido estudada para seu potencial em diversas doenças, em especial as neuropsiquiátricas.

Cannabis traz efeitos positivos no tratamento de Parkinson?

O uso de Cannabis medicinal está sendo investigado quanto à real possibilidade de trazer benefícios e jamais deve excluir os tratamentos tradicionais, afirma o neurocirurgião especialista em Parkinson, médico Bruno Burjaili.

“Os sintomas relacionados aos movimentos no Parkinson, como tremor, rigidez, lentidão e instabilidade da postura não têm respondido aos medicamentos canabinoides de acordo com alguns grandes estudos; pesquisas menores sugerem o uso de THC em altas doses para controle do tremor, em se levando em consideração que isso traz maior risco de efeitos indesejados. Por outro lado, há os chamados sintomas não-motores (que não estão relacionados diretamente aos movimentos), tais como dor, alterações de sono e alterações de humor. Eles têm sido avaliados com maior afinco, já que análises demonstraram, ainda que superficialmente, uma possível melhora com tais medicamentos”.

“Porém, as evidências na literatura médica são bastante preliminares e ainda inconsistentes. Desse modo, mesmo que seja possível tentar esse tipo de tratamento para situações muito especiais, devemos considerar que o valor financeiro pode ser alto e o grau de certeza sobre seu efeito ainda é baixo. Por isso, somente devem ser considerados quando todos os demais tratamentos tiverem sido tentados ou, no mínimo considerados, e não tiverem conquistado o efeito desejado, ou quando essa tentativa for proibitiva por alguma característica clínica específica do paciente”.

“Devemos tomar muito cuidado para não generalizar a prática de uso de canabinoides na doença de Parkinson, pelo menos por enquanto, e também evitar gerar uma ilusão com subsequente frustração para pessoas e famílias muitas vezes já desgastadas pela luta que a doença impõe”.

“Sempre estamos interessados em novos tratamentos já que podem aliviar o sofrimento de quem luta ao nosso lado, mas promessas mágicas devem ser descreditadas. Esperamos que os canabinoides, na doença de Parkinson, não sejam mais uma delas”, afirma Bruno Burjaili.

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