Um estudo divulgado recentemente pelo Allianz Research revela que a taxa de fecundidade no Brasil vem caindo de maneira mais acelerada do que se previa. Em 2024, o índice atingiu 1,6 filhos por mulher — bem abaixo do nível necessário para reposição populacional, que é de 2,1. Esse cenário coloca o país em uma trajetória semelhante à de nações como Estados Unidos e Japão.
Foto: Pixabay Intitulado 'O Paradoxo da Fecundidade: A Educação é a Chave', o relatório aponta que o Brasil representa hoje apenas 2% do total de crianças com menos de cinco anos no mundo. A projeção, no entanto, é de que essa participação continue diminuindo devido à transição demográfica acelerada, impactando diretamente áreas como previdência social, saúde pública e renovação do mercado de trabalho.
A queda na fecundidade é uma tendência global observada até mesmo em países com melhora econômica e redução do desemprego entre jovens. Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos compartilham o mesmo desafio. No caso brasileiro, a velocidade da redução surpreende especialistas.
O estudo destaca a desigualdade regional como fator relevante. O Sudeste apresenta os menores índices de natalidade, enquanto regiões como o Norte e o Nordeste ainda mantêm taxas mais próximas ao nível de reposição.
“Mudanças culturais e sociais influenciam diretamente esse fenômeno. Relações estáveis e expectativas elevadas sobre a paternidade, frequentemente amplificadas pelas redes sociais, podem desestimular casais a terem filhos”, explicam os autores do levantamento.
Comparativo internacional mostra que os Estados Unidos viram sua taxa cair de 2,1 em 2000 para 1,6 em 2024, enquanto o Japão passou de 1,4 para 1,3 no mesmo período. A Coreia do Sul teve a maior queda, de 1,5 para 0,8. No Brasil, o recuo foi de 2,3 para 1,6, com picos de desemprego juvenil que chegaram a quase 14%.
O relatório também questiona as projeções da ONU sobre o crescimento populacional. Críticos sugerem que os modelos estão superestimados, o que pode antecipar o pico populacional e acelerar o envelhecimento global.
Na projeção média da ONU de 2024, a população mundial alcançaria 10,3 bilhões em 2084, com expectativa de vida subindo de 73,3 anos em 2024 para 81,7 até o fim do século. A taxa de fecundidade global deve cair de 2,2 para 1,8 filhos por mulher, abaixo do nível de reposição a partir de 2058.
Nos países de alta renda, a taxa de fecundidade deve subir de 1,47 para 1,60 até 2090. Já nas nações de renda média e baixa, as projeções indicam quedas acentuadas — de 2,10 para 1,81 e de 4,46 para 2,03, respectivamente, até 2100.