Justiça mineira anula ação contra banco após homem nem saber que processou
Magistrada identificou indícios de litígios artificiais em ações movidas por advogada da Bahia que já acumula mais de mil processos semelhantes em Minas
Por Plox
22/09/2025 16h55 - Atualizado há 5 dias
A Justiça de Minas Gerais anulou uma ação de indenização por danos morais movida contra um banco após o autor afirmar desconhecer o processo. A decisão foi proferida pela juíza Vaneska de Araújo Leite, do Juizado Especial da Comarca de Santa Bárbara.
Durante a apuração, um oficial de justiça compareceu à residência da parte autora para confirmar a existência da ação. No local, a pessoa informou que não tinha conhecimento do processo e que nunca havia contratado a advogada responsável pelo caso. O episódio levantou suspeitas sobre a autenticidade da procuração apresentada.

As investigações apontaram que a advogada responsável possui escritório em Teixeira de Freitas, na Bahia, e mais de mil processos semelhantes contra instituições financeiras distribuídos em diversas comarcas mineiras. Parte das procurações foi autorizada de forma remota, o que sugere práticas irregulares de captação de clientela, conduta proibida pelo código de ética da advocacia.
A magistrada destacou a necessidade de coibir o abuso do direito de ação e litígios artificiais.
"Mesmo que houvesse contratação, teria ocorrido à distância e sem vínculo de confiança, o que constitui infração disciplinar no exercício da advocacia", justificou.
Somente em 2025, o banco obteve êxito em 96% das ações movidas pela advogada, sendo 24% encerradas por desistência e 72% extintas. A profissional já possui duas representações no Conselho de Ética da OAB, uma em Minas Gerais e outra em São Paulo.
Na ação anulada, o banco foi representado pelo escritório Dias Costa Advogados.