Trump ampliará cancelamento de vistos de autoridades brasileiras

Medida será anunciada durante presença de Lula em Nova York e mira ministros e assessores ligados ao STF

Por Plox

22/09/2025 13h11 - Atualizado há 5 dias

Em um movimento que deve gerar novos atritos diplomáticos, o governo do presidente Donald Trump prepara para esta segunda-feira (22) o anúncio de mais cancelamentos de vistos de autoridades brasileiras. A medida ocorre em resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), e deve ser divulgada justamente durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Nova York, onde participa da Assembleia Geral da ONU.


Imagem Foto: Presidência


A lista de atingidos inclui nomes importantes do atual governo e da cúpula do Judiciário. Conforme apurado, devem ter seus vistos revogados o ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, o diretor-geral da Polícia Federal, Fabio Schor, e três assessores próximos ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.


A revogação do visto de Messias foi confirmada à agência Reuters por um alto integrante do governo americano. A intenção do governo Trump é pressionar o governo brasileiro e impor um constrangimento à comitiva de Lula em solo norte-americano.



Não é a primeira vez que os EUA tomam esse tipo de decisão. Em julho, Alexandre de Moraes e aliados da Suprema Corte já haviam sido barrados de entrar no país. No mês seguinte, em agosto, foi a vez do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ter o visto revogado, junto com os de sua esposa e filha. A justificativa americana foi sua ligação com a criação do programa Mais Médicos, ainda no governo Dilma Rousseff.


Padilha não foi afetado de imediato porque seu visto já havia vencido em 2024, mas ficou impedido de renovar a permissão. Mesmo após conseguir um visto restrito para comparecer à reunião da ONU, com limitação de circulação a cinco quarteirões em Nova York, o ministro desistiu da viagem, alegando desrespeito ao Brasil e aos tratados internacionais que regulam a presença de líderes estrangeiros na sede da ONU.



No escopo das sanções, o Departamento de Estado americano também revogou vistos de ex-funcionários ligados à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), como Mozart Júlio Tabosa Sales e Alberto Kleiman. Segundo a justificativa oficial, os dois atuaram diretamente na implementação do Mais Médicos e teriam contribuído para o que o governo americano classificou como um “esquema coercitivo de exportação de mão de obra” do regime cubano.


\"Esses funcionários foram responsáveis pela cumplicidade com o esquema coercitivo de exportação de mão de obra do regime cubano ou se envolveram nisso, o que explora profissionais médicos cubanos por meio de trabalho forçado. Esse esquema enriquece o corrupto regime cubano e priva o povo cubano de cuidados médicos essenciais\", acusou o Departamento de Estado dos EUA.


A expectativa é que Lula, o primeiro a discursar na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (23), responda indiretamente a Trump em sua fala, uma vez que os Estados Unidos também discursam logo em seguida. Será a primeira vez que Lula e Trump estarão presentes no mesmo evento oficial desde que o republicano reassumiu a presidência americana.


O clima entre os dois governos, que já era tenso, tende a se agravar com o novo pacote de sanções, em meio a um cenário internacional cada vez mais polarizado e sensível a disputas ideológicas.


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