Crescimento alarmante no corte de árvores em Belo Horizonte gera preocupação ambiental e comunitária
Supressões diárias atingem novo pico em 2023, levantando questões sobre a sustentabilidade urbana e o bem-estar dos moradores
Por Plox
22/12/2023 09h55 - Atualizado há mais de 1 ano
Belo Horizonte, a capital de Minas Gerais, está vivenciando um aumento significativo na supressão de árvores, com uma média diária de 20 cortes, totalizando 6.829 de janeiro a novembro deste ano. Este número excede o total de árvores cortadas em todo o ano de 2022, que foi de 5.922. A situação preocupa tanto os ativistas ambientais quanto os moradores locais, devido aos impactos climáticos e à perda da qualidade de vida urbana.

Recentemente, a remoção de duas sibipirunas de mais de 40 anos no bairro Carmo, região Centro-Sul, gerou mobilização entre os residentes. Carlos Henrique Ribeiro Lima, empresário de 38 anos, expressou sua surpresa com o corte: "Voltava da academia quando vi os profissionais da prefeitura se preparando para fazer os cortes. Levei um susto, pois não recebemos nenhum laudo atestando que elas estavam comprometidas", relatou. Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), as árvores foram removidas por ocuparem mais de 70% de calçadas estreitas, com menos de um metro de largura, e por danificarem a calçada e a estrutura de imóveis próximos.
Os moradores, como Lima, sentem a falta das árvores, que proporcionavam sombra e amenizavam as temperaturas. “As sibipirunas eram um refresco. A luminosidade em casa aumentou, a sombra que tínhamos foi embora. Perdemos o conforto. Jamais pensei que teria que colocar ar condicionado em minha casa. Devido às mudanças climáticas, hoje tenho três instalados no lar”, lamentou Lima, que junto com outros vizinhos, exige da PBH o plantio de novas árvores.
César Pedrosa, ativista ambiental de 50 anos e fundador do projeto "Bora Plantar", propõe alternativas para a arborização, como o plantio de árvores em ruas, já que as calçadas são estreitas. Ele sugere seguir o artigo 21 do Código de Posturas de BH, permitindo o plantio em vias públicas. Pedrosa destaca os benefícios das árvores, como a redução da poluição, atração de fauna, e diminuição da temperatura local.
Apesar do investimento de R$ 33,4 milhões em 2023 para podas e supressões, a PBH não forneceu dados sobre plantios realizados neste ano. Pedrosa critica a falta de uma política integrada de supressão e replantio imediato, ressaltando a necessidade de um manejo arbóreo mais responsável.
Belo Horizonte estima ter entre 485 a 500 mil árvores, com aproximadamente 300 mil cadastradas. A PBH oferece orientações para a população contribuir com a preservação das árvores urbanas, como evitar plantios sem autorização, não realizar serviços próprios em árvores públicas e manter o entorno das árvores livre de concretagem e lixo.