Economia

Dólar inicia semana em alta e Ibovespa opera em pregão encurtado pelo Natal

Mercado reage a agenda intensa de indicadores no Brasil e no exterior, em meio a forte entrada de investimento estrangeiro direto e otimismo nas bolsas internacionais

22/12/2025 às 09:12 por Redação Plox

O dólar abriu em leve alta nesta segunda-feira (22), com avanço de 0,08% no início dos negócios, negociado a R$ 5,5331. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, inicia as operações às 10h.

Os mercados seguem funcionando nesta semana encurtada pelo feriado de Natal, tanto na B3 quanto em Wall Street. Mesmo com uma agenda mais enxuta, alguns indicadores ganham relevância e podem apontar rumos para a economia brasileira e internacional.


Dólar, moeda norte-americana

Dólar, moeda norte-americana

Foto: FreePik

Indicadores que movimentam o mercado nesta semana

No Brasil, embora a B3 permaneça fechada nos dias 24 e 25, investidores monitoram a divulgação de dados que ajudam a ajustar as expectativas sobre a atividade econômica e a inflação.

O boletim Focus voltou a registrar cortes nas projeções de inflação para 2025 e 2026, dando continuidade ao movimento de revisões para baixo.

Ainda hoje, o Banco Central publica a Pesquisa Firmus, que reúne a percepção de empresas sobre demanda, custos, preços e inflação. O levantamento ajuda a instituição a avaliar como o setor produtivo enxerga a economia e serve de insumo para decisões sobre a taxa de juros.

Ao longo da manhã, a Receita Federal divulga os números da arrecadação de novembro, enquanto a Secretaria de Comércio Exterior apresenta os dados mais recentes da balança comercial semanal.

No campo político, Legislativo e Judiciário entraram em recesso após semanas de tensão. Na sexta-feira, o Congresso aprovou o Orçamento de 2026, que prevê superávit de R$ 34,5 bilhões e reserva de R$ 61 bilhões para emendas parlamentares.

Também na frente orçamentária, o ministro do STF Flávio Dino suspendeu os efeitos de uma proposta que autorizava o pagamento, até 2026, de emendas parlamentares não liquidadas entre 2019 e 2023, incluindo mecanismos ligados ao chamado “orçamento secreto”, já considerado inconstitucional pela Corte.

Nos Estados Unidos, com agenda igualmente esvaziada pelo feriado, o Federal Reserve divulga o Índice de Atividade Nacional de Chicago de novembro, indicador usado para medir o ritmo da economia americana.

No mercado internacional de commodities, o ouro renovou máximas e fechou em alta de 1,7%, a US$ 4.411,01 por onça. O movimento reflete a busca por proteção em um cenário de expectativa de cortes de juros nos EUA, ambiente que costuma favorecer ativos que não pagam rendimento, como o metal precioso.

Desempenho recente do dólar e do Ibovespa

No câmbio, o comportamento recente da moeda americana é o seguinte:

Dólar

Acumulado da semana: +2,19%
Acumulado do mês: +3,63%
Acumulado do ano: -10,53%

Ibovespa

Acumulado da semana: -1,43%
Acumulado do mês: -0,38%
Acumulado do ano: +31,75%

Investimento estrangeiro direto supera projeções

O Brasil recebeu em novembro um volume de investimento estrangeiro direto acima do esperado pelo mercado, fazendo o total acumulado no ano ultrapassar a estimativa do Banco Central para 2025, de acordo com dados divulgados na sexta-feira.

O investimento direto — recursos aplicados por empresas estrangeiras na economia real, como abertura de fábricas, expansão de operações ou participação em companhias locais — somou US$ 9,820 bilhões em novembro.

O montante ficou acima dos US$ 6,5 bilhões projetados por analistas consultados pela Reuters e também superou o valor de novembro de 2024, quando o ingresso havia sido de US$ 5,664 bilhões.

De janeiro a novembro, as entradas de investimento direto alcançaram US$ 84,164 bilhões, alta de 14% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O volume já é maior que a projeção do Banco Central para todo o ano, atualmente em US$ 75 bilhões, estimativa revisada na véspera — antes, a previsão era de US$ 70 bilhões.

Segundo o BC, a nova projeção equivale a aproximadamente 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB), percentual próximo da média observada desde 2021 e ligeiramente abaixo dos 3,7% registrados na década anterior à pandemia.

No acumulado de 12 meses até novembro, porém, o investimento direto correspondeu a 3,76% do PIB. Esse patamar foi suficiente para cobrir o déficit em conta corrente, que ficou em 3,47% do PIB. A conta corrente reúne todas as transações do país com o exterior, como comércio de bens, serviços, rendas e transferências.

Em novembro, o déficit em transações correntes somou US$ 4,943 bilhões, em linha com a expectativa do mercado, que apontava saldo negativo de US$ 4,95 bilhões. No mesmo mês de 2024, o déficit havia sido de US$ 4,418 bilhões.

Um dos componentes desse resultado é a conta de renda primária, que inclui remessas de lucros, dividendos e pagamento de juros ao exterior. Em novembro, esse item registrou déficit de US$ 6,169 bilhões, superior ao rombo de US$ 5,796 bilhões do mesmo período do ano anterior.

A balança comercial — diferença entre exportações e importações de bens — apresentou superávit de US$ 5,119 bilhões em novembro, abaixo do saldo positivo de US$ 6,043 bilhões registrado um ano antes.

Já a conta de serviços, que abrange gastos com viagens internacionais, transportes, seguros e serviços contratados no exterior, teve déficit de US$ 4,454 bilhões, menor que o saldo negativo de US$ 5,051 bilhões em novembro de 2024.

Mercado imobiliário dos EUA mostra fôlego moderado

As vendas de moradias usadas nos Estados Unidos cresceram em novembro, mas em ritmo um pouco abaixo do esperado.

Na comparação com outubro, houve alta de 0,5%, levando o volume anualizado — ajuste que considera fatores sazonais, como feriados e variações ao longo do ano — a 4,13 milhões de unidades, segundo dados divulgados na sexta-feira.

Analistas projetavam avanço de 0,7%. Frente a novembro do ano passado, as vendas recuaram 1,0%, sinalizando que o mercado imobiliário ainda enfrenta limitações no curto prazo.

Na avaliação de analistas, o aumento das transações pelo terceiro mês consecutivo está ligado à redução recente das taxas de juros dos financiamentos imobiliários, o que tende a facilitar o acesso ao crédito e estimular a compra de imóveis.

Por outro lado, a oferta de imóveis à venda começa a perder força. O estoque cresce em ritmo mais lento, em um cenário de poucos imóveis em dificuldade financeira e de proprietários com elevado nível de patrimônio imobiliário.

Confiança do consumidor americano avança em dezembro

A confiança dos consumidores nos EUA melhorou em dezembro, segundo dados preliminares divulgados pela Universidade de Michigan na quinta-feira.

O índice geral subiu de 51, em novembro, para 52,9, mas ficou abaixo das projeções de parte do mercado, que esperava leitura de 53,5.

O indicador consolida a avaliação das famílias sobre a situação econômica atual e as perspectivas para os próximos meses. Dentro desse conjunto, a percepção sobre as condições correntes recuou de 51,1 para 50,4.

Já o índice de expectativas, que reflete a visão dos consumidores sobre o futuro da economia, avançou de 51 para 54,6 no mesmo intervalo.

As expectativas de inflação também recuaram. Para os próximos 12 meses, a previsão passou de 4,5% para 4,2%, na quarta queda mensal seguida e no menor nível em 11 meses. Apesar da melhora, a taxa segue acima do patamar de janeiro, quando estava em 3,3%.

No horizonte de cinco anos, a inflação esperada caiu de 3,4% para 3,2%, retornando ao mesmo nível registrado em janeiro de 2025, de acordo com a Universidade de Michigan.

Bolsas americanas e europeias em alta

Os principais índices de Wall Street fecharam em alta na sexta-feira, com ações de tecnologia ampliando a recuperação após forte queda ao longo da semana. A Nike, porém, foi destaque negativo, com forte recuo após sinalizar fraqueza nas vendas na China.

O Dow Jones Industrial Average subiu 0,38%, aos 48.134,89 pontos. O S&P 500 avançou 0,89%, para 6.834,78 pontos, enquanto o Nasdaq ganhou 1,31%, fechando a 23.307,62 pontos.

Na Europa, as bolsas também encerraram o dia no positivo, em alguns casos renovando recordes. O movimento foi sustentado pelo otimismo dos investidores nos últimos pregões do ano, com destaque para ações dos setores de defesa e bancos.

Na véspera, diversos bancos centrais divulgaram suas decisões de política monetária. O Banco da Inglaterra reduziu a taxa básica em 0,25 ponto percentual. Já o BCE, o Norges Bank e o Riksbank mantiveram os juros. O Banco Central Europeu ainda revisou para cima as projeções de crescimento da zona do euro, apontando possibilidade de expansão de até 1,4% em 2025.

O índice pan-europeu STOXX 600 avançou 0,4%, a 587,50 pontos, acumulando alta semanal de 1,7%. Em Londres, o FTSE 100 subiu 0,61%, a 9.897 pontos. Em Frankfurt, o DAX ganhou 0,37%, a 24.288 pontos, enquanto o CAC 40, em Paris, ficou praticamente estável, com leve alta de 0,01%, a 8.151 pontos.

Em Milão, o Ftse/Mib avançou 0,66%, a 44.757 pontos. Em Madri, o índice local subiu 0,22%, a 17.169 pontos, e Lisboa liderou os ganhos, com alta de 1,03%, a 8.211 pontos.

Bolsas asiáticas sob cautela

Na Ásia, os principais mercados também fecharam em alta, mas acumularam desempenho praticamente estável na semana.

Investidores mantiveram postura cautelosa diante da falta de novos sinais corporativos, enquanto as ações em Hong Kong registraram queda no acumulado semanal.

O setor de tecnologia seguiu no foco após notícias sobre possível liberação de chips avançados da Nvidia para a China, mas os movimentos dos preços foram contidos.

Ao fim do pregão, o índice de Xangai subiu 0,36%, a 3.890 pontos, e o CSI300 avançou 0,34%, a 4.568 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng ganhou 0,75%, fechando a 25.690 pontos.

Em Tóquio, o Nikkei teve alta de 1%, a 49.507 pontos. Outros mercados também encerraram em terreno positivo: Seul avançou 0,65%, Taiwan subiu 0,83% e Cingapura ganhou 0,18%.

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