Zema rebate Lula com crítica a juros: “Jesus jamais cobraria juros abusivos”

Governador de Minas Gerais contesta fala do presidente sobre renegociação de dívidas estaduais com a União.

Por Plox

23/01/2025 13h09 - Atualizado há 5 meses

Durante uma troca de declarações públicas envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o chefe do Executivo mineiro respondeu a uma crítica feita por Lula. O presidente havia comentado sobre o programa de renegociação de dívidas dos estados com a União durante um evento de concessão da BR-381/MG.

Troca de farpas: "só Jesus Cristo faria"
Em sua fala, Lula elogiou a iniciativa do governo federal para reestruturar dívidas estaduais, afirmando:
– O que nós fizemos para os estados que não pagavam dívidas talvez só Jesus Cristo fizesse se ele concorresse à Presidência da República deste país.

Presidente Luz Inácio Lula da Silva ao lado de Romeu Zema, governador de Minas Gerais Foto: Ricardo Stuckert/PR

Romeu Zema, no entanto, rebateu a declaração em tom crítico e alfinetou o governo federal:
– Presidente Lula, Jesus Cristo perdoaria todas as dívidas e jamais cobraria juros abusivos de quem ajuda a construir o Brasil. Vamos honrar todas nossas obrigações, mas esperamos que os deputados derrubem os vetos ao Propag para trazer justiça e previsibilidade ao estado.

Renegociação de dívidas e críticas ao Propag
A discussão gira em torno do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), que busca reorganizar mais de R$ 760 bilhões em dívidas acumuladas por unidades federativas. Quatro estados concentram aproximadamente 90% desse montante: Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

O programa permite que as dívidas sejam pagas em até 30 anos, com correção pelo IPCA (atualmente em 4,5% ao ano) mais uma taxa de 2% a 4%, dependendo do contrato. Hoje, os juros aplicados chegam a 4% mais o IPCA ou acompanham a Selic, que está em 12,25% ao ano.

Apesar do potencial benefício do programa, Zema criticou duramente os 13 vetos impostos por Lula à lei recentemente sancionada, afirmando que essas alterações no texto aprovado pelo Congresso aumentam custos para os estados.

Vetos geram tensão entre governadores e União
O impacto dos vetos também provocou um clima de insatisfação entre os governadores das unidades mais endividadas. Lula chegou a classificar cinco governadores como “ingratos” por não reconhecerem o esforço do governo federal. Entre eles, além de Romeu Zema, estão Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro; Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul; Ronaldo Caiado (União), de Goiás; e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo.

Em sua declaração, Lula disse:
– Os governadores, que são cinco maiores e que devem mais e que são ingratos porque deveriam estar agradecendo ao governo federal e ao Congresso Nacional, fizeram críticas porque alguns não querem pagar. A partir de agora, vão pagar.

Acusações sobre gastos do governo federal
Zema não poupou críticas ao governo Lula, acusando a gestão federal de manter despesas elevadas enquanto impõe custos adicionais aos estados. O governador destacou que o governo federal continua operando com 39 ministérios, promove viagens luxuosas e mantém sigilo de 100 anos no cartão corporativo da presidência.

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