Festival de Berlim premia filme brasileiro 'O Último Azul' com Urso de Prata
Produção de Gabriel Mascaro brilha na Berlinale e conquista prêmios do júri e do público
Por Plox
23/02/2025 09h24 - Atualizado há 2 meses
O Brasil brilhou no Festival de Berlim de 2025 com O Último Azul, filme de Gabriel Mascaro, que levou o Urso de Prata, o segundo prêmio mais importante do evento, concedido pelo Grande Júri. O reconhecimento marca o retorno triunfal do cinema nacional à Berlinale após cinco anos sem concorrer ao Urso de Ouro.

Reconhecimento internacional e prêmios paralelos
Além do Urso de Prata, O Último Azul conquistou mais duas premiações: o prêmio do Júri Ecumênico, que o destacou como o melhor filme da competição, e o prêmio do público, oferecido pelo jornal alemão Berliner Morgenpost, que desde 1974 mantém um júri formado por leitores para eleger seus favoritos.
O grande vencedor do Urso de Ouro foi o norueguês Sonhos, de Dag Johan Haugerud, que também havia sido premiado pela crítica internacional, através da Fipresci (Federação Internacional da Crítica Cinematográfica).
Uma distopia brasileira que conquistou a Berlinale
O longa-metragem de Mascaro se passa em um Brasil distópico, onde idosos são compulsoriamente aposentados e enviados a colônias distantes, das quais não retornam. A trama acompanha a personagem de Denise Weinberg, que desafia o sistema e embarca em uma jornada de libertação pela Amazônia. Rodrigo Santoro também integra o elenco do filme.
A atriz chinesa Fan Bingbing foi a responsável por entregar o prêmio e elogiou a produção brasileira, destacando-a como "uma aula de humanidade". Ao receber o Urso de Prata, Mascaro celebrou o reconhecimento e enfatizou a diversidade presente no cinema brasileiro e na Berlinale. "O Último Azul fala sobre o direito de sonhar e acreditar que nunca é tarde para encontrar um novo significado na vida", afirmou.
Rodrigo Santoro também comemorou a conquista, destacando a relevância do reconhecimento internacional: "Quando o cinema brasileiro independente recebe um prêmio dessa magnitude, a vencedora é a nossa cultura".
Outros destaques brasileiros no festival
O Brasil não passou despercebido na Berlinale. Além de O Último Azul, o país levou outros 11 filmes ao festival. Entre eles, Hora do Recreio, de Lúcia Murat, foi agraciado com uma Menção Especial do Júri Jovem da Mostra Generation, voltada para produções com temáticas juvenis.
Enquanto isso, o cinema brasileiro segue com as atenções voltadas para o Oscar, onde Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, disputa a estatueta de Melhor Filme Internacional. O cineasta, inclusive, celebrou o feito de Mascaro, afirmando que "foi muito emocionante ver um cineasta tão genial quanto Gabriel receber um prêmio tão importante".
Surpresas e outras premiações da Berlinale 2025
O Prêmio do Júri foi concedido ao argentino El Mensaje, de Iván Fund, que narra a história de uma garota capaz de se comunicar com animais. Já Sonhos, vencedor do Urso de Ouro, aborda a fantasia de uma jovem que imagina um relacionamento com sua professora de francês.
Na categoria de Melhor Interpretação, houve surpresas. Rose Byrne venceu como protagonista por If I Had Legs I'll Kick You, de Mary Bronstein, superando nomes como Ethan Hawke, que foi amplamente elogiado por sua atuação em Blue Moon, cinebiografia do compositor Lorenz Hart. O prêmio de Melhor Ator Coadjuvante foi para Andrew Scott, enquanto a Melhor Contribuição Artística ficou com A Torre de Gelo, de Lucile Hadzihalilovic.
Os prêmios de Melhor Direção e Melhor Roteiro foram concedidos, respectivamente, ao chinês Huo Meng, por Living the Land, e ao romeno Radu Jude, por Kontinental'25, fechando a lista de vencedores desta edição da Berlinale.
Com o sucesso de O Último Azul, o Brasil reafirma sua força no cenário cinematográfico internacional, abrindo caminho para mais reconhecimento e novas conquistas nos festivais ao redor do mundo.