Brasileiros ficam em terceiro lugar no ranking de emissões de vistos para os EUA em 2022
Ao todo, foram 815.842 emissões de 80 tipos diferentes de permissões, um aumento de 618,8% em relação ao ano anterior
Por Plox
23/03/2023 08h43 - Atualizado há quase 2 anos
Os brasileiros ficaram em terceiro lugar no ranking dos que mais receberam vistos norte-americanos em 2022, segundo pesquisa do escritório de advocacia imigratória AG Immigration, com sede em Washington. Ao todo, foram 815.842 emissões de 80 tipos diferentes de permissões, um aumento de 618,8% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 113.505 emissões. Em comparação com 2018, o aumento foi de 26,4%. O Brasil ficou atrás apenas do México e da China, e bem à frente da Argentina, quarta colocada, com 259 mil vistos recebidos.
O levantamento foi feito com base em dados oficiais do Departamento de Estado norte-americano, de janeiro a dezembro de 2022. Ainda segundo o relatório da AG Immigration, o Consulado dos EUA em São Paulo foi o terceiro posto diplomático que mais emitiu vistos em todo o mundo, atrás somente do de Monterrey e da embaixada da Cidade do México. O consulado no Rio de Janeiro ficou em décimo lugar. O ranking de postos diplomáticos é referente ao ano fiscal americano, que compreende o período entre 1º de outubro de 2021 e 30 de setembro de 2022.
O visto de visitante B1/B2 – usado para viagens de negócio e turismo nos EUA – foi o mais solicitado pelos brasileiros, com mais de 748,5 mil emissões em 2022, representando 91,76% do total. Esse número representa um aumento de 944% em relação a 2021, ano em que os consulados e a embaixada ficaram fechados ou com serviços limitados em razão da pandemia. Essa é a maior quantidade de vistos B1/B2 emitidos para brasileiros desde 2015, quando mais de 873 mil autorizações de entrada desse tipo foram expedidas pelos órgãos consulares.

Na lista de vistos americanos mais concedidos a brasileiros, a segunda e a terceira colocações são ocupadas por dois vistos de estudo e intercâmbio: o J-1 (13,1 mil emissões) e o F-1 (8,8 mil), respectivamente. Enquanto o primeiro registrou alta de 96% sobre o ano anterior, o segundo caiu 10% no mesmo período. O CEO da AG Immigration, Rodrigo Costa, destacou que o brasileiro que vai estudar ou fazer intercâmbio nos EUA é, em geral, recém-formado do ensino médio ou da graduação.
O advogado Felipe Alexandre, sócio-fundador da AG Immigration, afirmou que o aumento na procura pelo visto EB-2, que concede o green card – documento que garante o direito de viver, trabalhar e viajar livremente nos EUA –, por brasileiros indica um movimento de fuga de cérebros do Brasil. Em 2022, o visto dessa categoria mais atribuído a brasileiros foi o EB-2, com 1.499 emissões, um aumento de 284% sobre as 390 autorizações de 2021. O EB-2 é destinado a profissionais de destaque, geralmente com mestrado, doutorado ou algum tipo de especialização única. O aumento no número de emissões desse tipo de visto indica que o Brasil está perdendo talentos que podem contribuir para o desenvolvimento do país.

De acordo com Felipe Alexandre, a popularidade crescente dos vistos de estudante deve-se a dois grandes motivos. Por um lado, há uma escassez global de mão de obra qualificada, e os EUA têm se aberto mais aos estudantes internacionais, principalmente os das áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Por outro lado, o Brasil registrou uma expansão muito forte do acesso ao ensino superior nos últimos 20 anos, e um volume maior de graduandos e graduados buscam concluir ou complementar seus estudos no exterior.