Professor de inglês cria curso para alunos transexuais e travestis em igreja no Rio
O jovem, que é transexual, disse que a ideia do curso surgiu depois que voltou de um intercâmbio no Canadá
Por Plox
23/04/2019 10h35 - Atualizado há mais de 5 anos
O professor de inglês Thiago Peniche, 21 anos, criou um curso gratuito para transexuais e travestis. As aulas acontecem semanalmente na Igreja da Comunidade Metropolitana, templo inclusivo no centro do Rio de Janeiro.
Thiago é o criador do Projeto Es(trans)geiros - Foto: Arquivo Pessoal
O jovem, que é transexual, disse que a ideia do curso surgiu depois que voltou de um intercâmbio no Canadá e que a proposta do Projeto Es(trans)geiros é ser uma ferramenta de mudança social e para realizar os sonhos daqueles que não têm condições financeiras de aprender a língua. No local, segundo o professor, o ambiente é de segurança e socialização, para que os participantes se sintam à vontade para aprender, sem julgamentos.
De acordo com Thiago, a realidade atual da população trans no país é de sofrimento e marginalização pela sociedade, com cenários de violência e até mortes. “A gente é impedido de acessar o mercado de trabalho e âmbitos educacionais. Só que eu tive o privilégio de aprender, mas a maioria das pessoas trans como eu não teve. Não sou uma regra, sou exceção”.
Aulas acontecem desde março, com cerca de 15 participantes- Foto: Arquivo Pessoal
O professor criou um financiamento coletivo (vaquinha) para dar início ao pojeto. O objetivo era arrecadar dinheiro para comprar material escolar e custear as passagens dos alunos. No começo, conseguiu R$ 100, mas depois, pessoas anônimas ajudaram com valores pela internet.
Pastor da igreja inclusiva Comunidade Metropolitana, Luiz Gustavo (ao centro)- Foto: Arquivo Pessoal
A primeira turma teve início em março e conta com cerca de 15 alunos e teve a ajuda do pastor Luís Gustavo, que cedeu o espaço da Comunidade Metropolitana para o Projeto Es(trans)geiros. Eles se conheceram em uma rede social. O religioso lembra que o projeto é do professor e que a igreja entra apenas como um parceiro, mas que a instituição religiosa defende que o trabalho propõe o protagonismo da comunidade LGBT.
“A igreja está aberta de todas as formas, porque a gente tenta, enquanto igreja, influenciar para o bem comum com foco nas pessoas LBGTs, mas não somente”, explica o pastor da igreja inclusiva. Além de custear as passagens para os alunos, o material, o lanche também é por conta do Es(trans)geiros.