Dólar recua 1,30% após tensão com Trump e valorização de commodities
Moeda americana fecha abaixo de R$ 5,75, com impulso de mercados externos e commodities como petróleo
Por Plox
23/04/2025 07h41 - Atualizado há 3 dias
Na primeira sessão após o recesso prolongado de Páscoa e Tiradentes, o dólar teve forte queda nesta terça-feira (22) e encerrou o dia cotado a R$ 5,7284, com recuo de 1,30%.

O desempenho do real foi um dos melhores do dia entre as moedas mais negociadas, ficando atrás apenas do peso chileno. A queda da moeda americana foi impulsionada pelo aumento do apetite ao risco por parte dos investidores internacionais, além da valorização de commodities, como o petróleo.
Esse movimento global de enfraquecimento do dólar começou na segunda-feira (21), quando os mercados internacionais reagiram negativamente aos ataques de Donald Trump ao presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. Trump cobrou corte de juros, acusou Powell de agir com motivação política e até ameaçou demiti-lo, mesmo com a autonomia legal do Fed.
No Brasil, a sessão também refletiu esses desdobramentos. O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, apontou que, apesar do dólar ter recuado ontem no exterior, o real poderia ter sentido o impacto negativo das tensões se o mercado local estivesse aberto. Segundo ele, a reação dos mercados nesta terça indicou um retorno do apetite ao risco, o que favorece moedas emergentes.
\"Vemos agora um cenário em que as economias e moedas emergentes podem ser puxadas pela China\", destacou Velloni, citando o potencial aumento nas exportações brasileiras de commodities agrícolas como soja e milho.
A turbulência política nos Estados Unidos continuou ao longo do dia. O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, defendeu a atuação técnica de Powell e disse ser cedo para definir a trajetória da política monetária. Já a secretária de Comunicação da Casa Branca, Karoline Leavitt, reiterou que Trump quer cortes nos juros e deseja manter o dólar como moeda de reserva global.
Enquanto isso, no Brasil, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participou de uma audiência no Senado e reafirmou a necessidade de uma política monetária restritiva diante da inflação elevada. Ele também mencionou que a alta da Selic em 2024 reduziu os incentivos para especular contra o real, embora tenha reiterado que o câmbio é flutuante.
No cenário internacional, o índice DXY, que compara o dólar com outras seis moedas fortes, registrou ontem seu nível mais baixo desde março de 2022. Hoje, houve leve recuperação, com o índice subindo para cerca de 98,900 pontos. Mesmo assim, o ouro, que ontem havia atingido recorde histórico, recuou com o aumento do apetite ao risco nas bolsas de Nova York, que fecharam em alta superior a 2%.
O Citi, por sua vez, mantém a projeção de dólar a R$ 6,00 no fim de 2025, apesar da recente desvalorização. O banco observa um cenário externo mais instável após as tarifas impostas por Trump, o que poderá manter a volatilidade da moeda americana entre R$ 5,60 e R$ 6,10 ao longo de abril.
A moeda americana, que chegou a tocar mínima de R$ 5,7184 durante a tarde, encerrou o pregão no menor nível desde o dia 3 de abril, quando fechou a R$ 5,6281.