Haddad defende imposto para super-ricos: 'Não tenho outro caminho' diz ministro
Ministro da Fazenda afirma que tributação é essencial para bancar isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil
Por Plox
23/04/2025 11h54 - Atualizado há 16 dias
Durante um evento realizado em Brasília nesta quarta-feira (23), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que a única alternativa possível para viabilizar o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) é a cobrança de tributos sobre os super-ricos do país.

Segundo Haddad, a proposta enviada pelo governo ao Congresso visa isentar do IR os brasileiros com renda mensal de até R$ 5 mil. Para compensar essa renúncia fiscal, será necessário tributar as pessoas que recebem mais de R$ 50 mil por mês. Ele ressaltou que essa medida é um imperativo da Lei de Responsabilidade Fiscal e destacou que a escolha por esse gasto tributário foi criteriosa.
“Não tenho outro caminho a não ser esse”, afirmou o ministro. “É preciso compensar a isenção concedida a quem ganha menos com a cobrança de quem hoje se beneficia de brechas na legislação e praticamente não paga impostos.”
De acordo com Haddad, o impacto da medida será restrito a cerca de 141 mil brasileiros que acumulam mais de R$ 1 milhão de renda por ano. Estes indivíduos passarão a ser tributados com uma alíquota mínima de 10% sobre os seus rendimentos. “Trata-se de uma correção de uma grande injustiça social”, completou o ministro, reforçando que a proposta atinge exclusivamente a parcela mais rica da população, sem causar prejuízos aos demais contribuintes.
Na Câmara dos Deputados, o projeto está sob análise do deputado Arthur Lira (PP-AL), que foi presidente da Casa. Uma comissão especial deve ser instalada nos próximos dias para discutir o conteúdo da proposta antes que o texto siga para votação no plenário.
Além da reforma tributária, Haddad comentou sobre o cenário econômico internacional. Ele se referiu à guerra comercial entre Estados Unidos e China, agravada pelas tarifas impostas pelo ex-presidente americano Donald Trump e pela resposta chinesa. Para o ministro, o embate deve perdurar e poderá trazer consequências negativas para a economia global.
Apesar disso, Haddad descartou o risco de recessão no Brasil e afirmou esperar um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) superior aos 2% estimados pelo mercado financeiro. “Continuo prevendo um crescimento em torno de 2,5%. Mas tudo dependerá dos desdobramentos dessa guerra comercial que ameaça desorganizar as cadeias produtivas globais”, concluiu.