Intimação de Bolsonaro na UTI gera nova tensão com Moraes

Ex-presidente recebeu oficial de Justiça durante recuperação de cirurgia, causando reação de aliados e debate jurídico

Por Plox

23/04/2025 22h30 - Atualizado há cerca de 5 horas

A tensão entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ganhou um novo e polêmico capítulo nesta semana. Internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília, Bolsonaro foi surpreendido por uma oficial de Justiça que o intimou pessoalmente.


Imagem Foto: Presidência


O episódio ocorreu por volta das 12h45 desta terça-feira (23), quando a oficial entrou no quarto do ex-presidente e lhe entregou os documentos judiciais. A visita da servidora pública ao ambiente hospitalar teve início por volta das 10h30, e, segundo aliados do ex-presidente, a ação foi vista como uma afronta, dado o delicado estado de saúde de Bolsonaro, que ainda se recupera de uma cirurgia no intestino delgado. O procedimento foi realizado para tratar de aderências internas provocadas pela facada sofrida durante a campanha presidencial de 2018.



A notícia da intimação gerou forte reação entre seus apoiadores. Em mensagem enviada a aliados, Bolsonaro classificou o ocorrido como \"inacreditável\". Para políticos próximos ao ex-chefe do Executivo, a decisão do Supremo Tribunal Federal de realizar o ato judicial durante a internação demonstrou uma \"falta de bom senso\". Além da questão ética, argumenta-se que houve risco sanitário, já que, por orientação médica, Bolsonaro não deve receber visitas durante sua recuperação.



A ordem para a entrega da intimação partiu diretamente do ministro Alexandre de Moraes. O STF alegou que todos os outros réus do chamado Núcleo 1, acusados de participação em uma tentativa de golpe de Estado, já haviam sido citados entre os dias 11 e 15 de abril. Assim, optou-se por esperar uma data considerada \"adequada\" para que Bolsonaro pudesse ser citado. Segundo nota da Corte, a transmissão de uma live realizada pelo ex-presidente na segunda-feira (22) indicou que ele estaria em condições de receber a visita do oficial de Justiça.


\"A divulgação de live realizada pelo ex-presidente na data de ontem (22/4) demonstrou a possibilidade de ser citado e intimado hoje\", afirmou o STF em nota oficial.

Apesar da justificativa, há quem critique a ação sob o ponto de vista jurídico. O colunista Paulo Cappelli destacou que a atitude pode ter infringido o artigo 244 do Código de Processo Civil, que impede atos processuais enquanto o estado de saúde do citado for considerado grave — salvo em casos de risco iminente de perda de direito.


A intimação tem papel central no andamento do processo, já que dá início ao prazo de cinco dias para a apresentação da defesa prévia dos acusados. Enquanto isso, o clima político segue tenso, com desdobramentos sendo aguardados tanto no campo jurídico quanto no cenário institucional.


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