Presidente do INSS é afastado em meio a investigação de fraude bilionária

Alessandro Stefanutto, nomeado por Lula em 2023, deixou o cargo durante operação da PF que apura esquema de descontos ilegais em benefícios do INSS

Por Plox

23/04/2025 22h44 - Atualizado há cerca de 5 horas

A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (23), uma operação de grandes proporções contra um esquema de descontos não autorizados aplicados em aposentadorias e pensões de beneficiários do INSS, estimando-se um prejuízo de R$ 6,3 bilhões. Como consequência direta da ação, Alessandro Stefanutto foi afastado do cargo de presidente do Instituto Nacional do Seguro Social.


Imagem Foto: Agência Senado


Nomeado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em julho de 2023, Stefanutto assumiu a presidência do INSS após recomendação do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Na ocasião da posse, Lupi o descreveu como um servidor íntegro e comprometido com o serviço público.
\"Continue esse homem reto, leal à causa pública e, principalmente, que não se deixa dobrar por interesses menores\", afirmou o ministro na época.


Antes de comandar o INSS, Stefanutto atuou por seis anos como Procurador-Geral da instituição, cargo que ocupou de 2011 a 2017. Sua experiência também inclui liderança na Procuradoria-Federal Especializada e funções técnicas na Receita Federal. Desde sua entrada no INSS em 2000, ele passou por diferentes cargos estratégicos, como diretor de Orçamento, Finanças e Logística, assumido em março de 2023.


Formado em Direito pela Universidade Mackenzie em 1998, Stefanutto possui dois mestrados: um em Gestão e Sistemas de Seguridade Social, concluído em 2013 na Universidade de Alcalá, na Espanha, e outro em Direito Internacional, obtido em 2024 pela Universidade de Lisboa. Sua formação acadêmica também inclui passagens pelo Colégio Naval e pela Escola Naval, entre 1988 e 1992.



A operação, batizada de “Sem Desconto”, mobilizou aproximadamente 700 policiais federais e 80 servidores da Controladoria-Geral da União. O objetivo foi combater um esquema nacional que aplicava descontos associativos indevidos em benefícios previdenciários. Durante a manhã, foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão, além de ordens de sequestro de bens que ultrapassam R$ 1 bilhão.


Os mandados foram executados no Distrito Federal e em 13 estados: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Também foram expedidos seis mandados de prisão temporária.



As investigações indicam que, entre 2019 e 2024, foram realizados descontos mensais sem autorização prévia dos beneficiários, gerando danos financeiros significativos. Os envolvidos devem responder por corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos, violação de sigilo funcional, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa.



O afastamento de Stefanutto marca um momento delicado para o INSS, que se vê envolvido em uma das maiores investigações sobre fraudes no sistema previdenciário brasileiro.


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