Os momentos de desespero vivenciados pela família brasileira antes de morrer intoxicada no Chile, estão registrados em áudios gravados por Débora Muniz Nascimento de Souza, 38 anos, que estava com o marido, os dois filhos adolescentes, o irmão e a cunhada. Todos eles morreram por inalação de gás. Dois áudios foram divulgados por parentes nessa quinta-feira, 23 de maio. A polícia do Chile havia recebido as gravações pouco antes de chegar ao apartamento com o cônsul do Brasil, encaminhada por um familiar antes da tragédia.
Um deles foi enviado para a irmã de Débora, falando que o filho de 13 anos, Felipe, passava mal e estava roxo. Ela pedia ajuda, chorava e perguntava se o garoto melhoraria se ela o colocasse em uma banheira com água quente, pois não sabia como agir. No segundo áudio, Débora demonstrava medo de que toda a família morresse, pois informou que todos estavam com os mesmo sintomas do filho Felipe. Ela disse que suas juntas estavam parando, se arroxeando e que possivelmente tinham sido contaminados por algum tipo de vírus. "Acho que nós todos vamos morrer”, avaliou Débora.
Retornariam antes ao Brasil
Os brasileiros tinham viajado para o Chile no domingo, 19, para comemorar os 15 anos de Karoliny, filha mais velha de Débora. Porém, eles iriam adiantar a volta ao Brasil ao receberem a notícia de que Iete Isabel Muniz Nascimento, mãe de Débora e Jhonatas (de 30 anos, também morto no Chile) havia falecido de câncer. A morte dela foi horas antes da intoxicação da família, que se programava há um ano para estar em terra chilena.
Além de Débora, morreram intoxicados o marido dela, Fabiano de Souza, 41, e os filhos, Karoliny e Felipe, de 13 e 15 anos. Também foi vítima a companheira de Jhonatas, Adriane Krueger, de Goiânia.
Consulado
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o consulado foi “alertado por familiares das vítimas no Brasil, tendo diplomata daquela repartição imediatamente comparecido ao local e acompanhado a abertura do imóvel onde se encontravam os falecidos”. O consulado informou que desde o acontecido, está acompanhando o caso e dando total apoio aos procedimentos necessários à liberação e ao traslado dos corpos. “Serão igualmente acompanhados os procedimentos investigativos, a cargo das autoridades chilenas. O Itamaraty aguarda a identificação oficial das vítimas”, disse em nota.
Entenda mais do caso
Os brasileiros estavam em um apartamento alugado no Centro do Chile e foram encontrados sem vida no imóvel. A família se sentiu mal e chamou o cônsul do Brasil, que foi até o prédio com policiais, que precisaram arrombar a porta. O comandante Rodrigo Soto informou que ao chegar ao local, a equipe deparou com as pessoas já mortas e o prédio foi totalmente esvaziado. As janelas do apartamento em que as vítimas foram encontradas estavam todas fechadas, por conta da sensação térmica de 10°C. As autoridades acreditam a família inalou gás de monóxido de carbono, que não tem odor, mas leva à morte.
Atualizada às 8h59