Em meio a preocupantes episódios de racismo, Espanha age e detém suspeitos

Em uma operação deflagrada nesta manhã, sete indivíduos foram presos

Por Plox

23/05/2023 10h36 - Atualizado há mais de 1 ano

Na data de hoje, 23 de maio de 2023, a polícia espanhola agiu firmemente na questão dos recorrentes ataques racistas a Vinícius Júnior, atacante brasileiro que atua no Real Madrid. Em uma operação deflagrada nesta manhã, sete indivíduos foram presos, sendo três deles responsabilizados por injúrias raciais proferidas durante a recente partida contra o Valencia, e os outros quatro por um incidente ocorrido em janeiro envolvendo um boneco que representava o jogador de forma depreciativa.

Manuel Reino Berengui/DeFodi Images via Getty Images

As ações racistas que chocaram o futebol

No último domingo, dia 21, durante a disputa entre Real Madrid e Valencia no estádio Mestala, o jogo foi interrompido por aproximadamente oito minutos devido a atos de racismo contra Vinícius Júnior. Segundo relatos, os suspeitos proferiram ofensas raciais e imitaram gestos ofensivos, despertando a indignação da comunidade do futebol.

Infelizmente, não foi a primeira vez que Vinícius Júnior foi alvo de ações de cunho racial. Em janeiro deste ano, quatro torcedores do Atlético de Madrid foram acusados de pendurar um boneco que representava o jogador em uma ponte próxima ao centro de treinamentos do Real Madrid, fazendo alusão a um enforcamento. A faixa que acompanhava a cena exibia a frase "Madrid odia al Real".

O apelo das autoridades e a resposta da polícia

Diante da recorrência desses casos deploráveis de racismo no futebol, a ministra brasileira da Igualdade Racial, Anielle Franco, acionou a Fifa e alertou o Ministério Público espanhol. Em resposta, a deputada Dandara Tonantzin (PT-MG) também se envolveu, reunindo-se com o embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, para solicitar ações mais incisivas.

O caso de Vinícius Júnior também sensibilizou o chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, que veementemente se pronunciou contra o racismo, declarando que "o ódio e a xenofobia não devem ter lugar no nosso futebol ou na nossa sociedade". Além disso, o governo espanhol sinalizou a intenção de realizar uma campanha de conscientização junto à Federação Espanhola de Futebol e à Primeira Divisão da La Liga, com a participação dos capitães dos clubes espanhóis.

Esforços para combater o racismo no esporte

Mesmo após dez denúncias de racismo contra Vinícius Júnior durante esta temporada, o último incidente parece ter sido o catalisador para uma maior conscientização e ação. No âmbito de suas atribuições, a La Liga lançou uma campanha de conscientização e estabeleceu um canal de denúncias para que torcedores possam relatar atos de injúria racial nos estádios.

Além disso, o Real Madrid também mostrou sua solidariedade ao jogador, denunciando oficialmente o incidente. Na segunda-feira (22/5), o clube por meio de um comunicado formal, denunciou o ocorrido como um crime de ódio na Procuradoria-Geral do Estado.

A repercussão e o futuro da luta contra o racismo

Este cenário, que expõe a fragilidade da luta contra o racismo no esporte, levou o governo brasileiro a solicitar medidas mais efetivas das autoridades espanholas. A situação de Vinícius Júnior, além de trazer à luz uma problemática de longa data no futebol, pode ser a alavanca para mudanças substanciais no combate ao preconceito racial no esporte.

Com os recentes acontecimentos, a esperança é que as autoridades competentes, as organizações esportivas e a sociedade como um todo intensifiquem seus esforços para erradicar o racismo não só no futebol, mas em todas as esferas da sociedade. A luta contra a discriminação racial é um desafio constante e necessita de ações concretas e permanentes para garantir um ambiente esportivo mais inclusivo e respeitoso.

As prisões de hoje marcam um passo importante na responsabilização de ações discriminatórias. No entanto, ainda é necessária uma resposta estrutural e sistemática para enfrentar o racismo no futebol e na sociedade em geral. As ações devem ir além das punições individuais e buscar a erradicação das raízes desse preconceito.

 

 

 

 

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