Em depoimento ao STF, coronel afirma que encontrou Braga Netto jogando vôlei durante ataques de 8 de janeiro

Testemunha de defesa diz que general se mostrou surpreso ao saber das depredações em Brasília, enquanto estava na praia de Copacabana

Por Plox

23/05/2025 10h08 - Atualizado há cerca de 21 horas

Na manhã desta sexta-feira (23), o coronel do Exército Waldo Manuel de Oliveira Aires prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) e declarou que esteve com o general Walter Braga Netto na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no mesmo dia dos ataques golpistas em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.


Imagem Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil) 


De acordo com o coronel, ambos se encontraram no Posto 6 para jogar vôlei e, durante a atividade, ficaram sabendo das depredações contra os prédios públicos na capital federal. Aires afirmou que Braga Netto demonstrou surpresa com os acontecimentos. “Esperávamos uma manifestação, mas não atos de depredação. Isso foi surpreendente, pois as manifestações conservadoras sempre foram pacíficas”, declarou.



O depoimento foi colhido em audiência conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado. Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil e da Defesa no governo Bolsonaro, está preso preventivamente desde dezembro de 2024 por suspeita de envolvimento na trama para impedir a posse do presidente Lula.


Na quinta-feira (22), Moraes manteve a prisão preventiva do general, negando pedido da defesa que alegava falta de fundamento para a detenção. A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu a manutenção da medida, argumentando que o processo ainda requer garantias para evitar interferências.



Nos últimos dias, o STF ouviu diversas testemunhas de acusação, incluindo nomes como o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, o ex-chefe da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Baptista Júnior, e um diretor da PRF. Baptista Júnior acusou Braga Netto de ter orientado militares golpistas a pressionar testemunhas e familiares.


Ainda nesta sexta-feira, o STF ouvirá testemunhas de defesa de outros acusados, como o general Augusto Heleno e o almirante Almir Garnier Santos. O senador Hamilton Mourão, ex-vice-presidente, será ouvido como testemunha comum, indicada também pelas defesas de Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira.



Também nesta semana, o ministro Moraes rejeitou pedido do atual comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, para não depor no processo. Olsen alegou desconhecimento dos fatos, mas a defesa de Garnier afirma que ele pode esclarecer eventos importantes relacionados a uma nota emitida pela Marinha em novembro de 2024.


O almirante Garnier, assim como Braga Netto e Bolsonaro, é acusado de integrar o núcleo principal da organização que teria atuado para impedir a transição democrática após as eleições de 2022. Baptista Júnior afirmou que Garnier não se opôs ao plano, diferentemente do general Freire Gomes, que teria sido o único a demonstrar resistência.


Destaques