Mensagens mostram que Mauro Cid temia prisão com vitória de Lula

Durante campanha de 2022, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro disse a familiares que seria preso caso Lula vencesse as eleições

Por Plox

23/05/2025 15h51 - Atualizado há 4 dias

Mensagens trocadas por Mauro Barbosa Cid com seus familiares durante o período eleitoral de 2022 revelaram uma preocupação intensa do então tenente-coronel em relação ao futuro político do país e à sua própria liberdade. Em meio à disputa presidencial entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, Cid afirmou que seria preso mesmo sem ter culpa, caso Lula saísse vitorioso nas urnas.


Imagem Foto: Presidência


O conteúdo foi divulgado nesta sexta-feira (23) pelo portal UOL. Em trechos dos áudios, Mauro Cid expressa o temor de que, com a volta do petista ao poder, sua segurança estaria em risco. Segundo ele, o apoio que tinha no Exército existia apenas enquanto Bolsonaro estivesse na presidência, e não se sustentaria em um novo governo petista.



“Eu tô preocupado, até com a minha segurança, que eu sei que eu vou ser preso se o Lula voltar. Eu sei que eu vou ser preso sem ter culpa nenhuma e ninguém vai segurar a minha onda, eu vou servir de bode expiatório. Agora o Exército me segura porque tá com o presidente [Jair Bolsonaro], mas depois, ninguém segura”, disse o militar nas mensagens reveladas.


A tensão nas falas não parava por aí. Cid também demonstrou pessimismo em relação ao futuro do país. Afirmou que o Brasil se transformaria em algo semelhante à Venezuela e chegou a cogitar sair do país.


“Se eu não sair do Brasil ou fugir ou alguma coisa, eu vou ser preso. E pelo país. O país vai entrar no que é a Venezuela”, acrescentou em outro momento.



Criticando o Partido dos Trabalhadores (PT), Cid enfatizou que o Brasil não suportaria mais uma gestão petista, relembrando os escândalos de corrupção registrados em governos anteriores.
“Se isso voltar pro Brasil, o Brasil não aguenta. O Brasil não aguenta mais um governo do PT, não aguenta mais o que o PT fez no Brasil”

, afirmou. Ele citou que os prejuízos nos casos envolvendo Petrobras, BNDES e Caixa somariam R$ 1,5 trilhão.


Em tom elogioso ao ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid recordou momentos em que o ex-chefe do Executivo demonstrou simplicidade e responsabilidade com gastos públicos. Mencionou, por exemplo, uma viagem à Suíça em que Bolsonaro teria recusado um jantar caro sugerido pelo Itamaraty e preferido comer no mesmo local dos seguranças.


“Conta: 150 dólares por pessoa. E ele paga tudo. O cartão corporativo dele, ele pode sacar R$ 18 mil por mês, ele nunca usou um centavo, esse cartão tá comigo até hoje”, relatou.



Posteriormente, como previu, Cid acabou sendo detido em maio de 2023 por suspeita de envolvimento na falsificação de cartões de vacina. Depois disso, passou a ser investigado por desvio de joias públicas e suposta tentativa de golpe de Estado.


Ele ficou preso por quase seis meses e foi libertado após firmar acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Contudo, voltou a ser preso em março de 2024, acusado de descumprir medidas cautelares e tentar obstruir a Justiça. Atualmente, Mauro Cid responde em liberdade provisória.


Destaques