Ministério da Saúde age diante de surto de hepatite A em BH
Casos aumentam mais de 260% em 2025; região Centro-Sul concentra maior parte dos registros
Por Plox
23/05/2025 10h01 - Atualizado há 1 dia
O crescimento acelerado dos casos de hepatite A em Belo Horizonte levou o Ministério da Saúde a instaurar uma investigação sobre o surto que atinge a capital mineira desde o fim de março deste ano.

Segundo dados divulgados, entre janeiro e abril de 2025, 95 pessoas foram diagnosticadas com a doença — um aumento de 265% em comparação ao mesmo período do ano anterior, que contabilizou apenas 26 casos. A maioria dos infectados são homens entre 20 e 49 anos, com maior concentração de registros na região Centro-Sul da cidade.
Diante da situação, o Ministério da Saúde anunciou medidas emergenciais. Foram enviadas mais de 6 mil doses da vacina contra a hepatite A para o estado de Minas Gerais. A vacinação está sendo direcionada a grupos prioritários como usuários de PrEP, contatos domiciliares e sexuais de casos confirmados, com imunizações ocorrendo em unidades estratégicas de saúde.
Além disso, o órgão reforçou práticas de prevenção como o uso de preservativos, promoveu capacitação dos profissionais de saúde para vigilância epidemiológica e notificações, e estendeu, em maio, a vacinação para todos os usuários de PrEP no Brasil. A meta é imunizar 80% dos mais de 120 mil usuários ativos dessa profilaxia no Sistema Único de Saúde (SUS).
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) também atua no enfrentamento do surto, trabalhando em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte e outras instâncias do SUS. As ações incluem análises semanais de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), reuniões técnicas, alertas epidemiológicos, além de uma nota com orientações sobre vigilância, diagnóstico e prevenção.
Foi solicitado o apoio do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS (EpiSUS), que realizou um inquérito epidemiológico para mapear os fatores de exposição relacionados aos casos. O relatório final está previsto para ser entregue em junho.
Em 2024, Belo Horizonte já havia registrado um aumento expressivo da doença, com 174 casos confirmados, frente aos sete do ano anterior — um salto de mais de 2.000%. Apesar de não haver uma causa única identificada até o momento, a disseminação do vírus ocorre em todas as regionais da capital.
Conforme descrito pelo Ministério da Saúde, a hepatite A é uma inflamação no fígado, cuja transmissão se dá principalmente pela via fecal-oral — através da ingestão de água ou alimentos contaminados —, bem como por meio de contato direto com pessoas infectadas, inclusive durante relações sexuais. A doença não possui sintomas específicos, mas costuma apresentar sinais como febre, fadiga, dores musculares, enjoo e alterações intestinais. O período de incubação varia de 15 a 50 dias, e os sintomas geralmente persistem por até dois meses.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a vacinação como principal forma de prevenção. Em 2017, o Brasil registrou um aumento de casos ligados à transmissão sexual, especialmente entre homens que fazem sexo com homens — grupo que hoje representa a maioria dos usuários da PrEP no país. Desde então, surtos têm sido controlados por meio de campanhas específicas de imunização.
As autoridades de saúde permanecem em alerta e mobilizadas para conter o avanço da doença na capital mineira e prevenir novas infecções em todo o estado.