Moraes ameaça prender Aldo Rebelo após discussão em audiência no STF

Clima esquentou durante depoimento do ex-ministro da Defesa, que depunha como testemunha no processo contra o almirante Garnier

Por Plox

23/05/2025 22h29 - Atualizado há 1 dia

Durante uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (23), o ministro Alexandre de Moraes ameaçou prender o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo por desacato. O momento tenso ocorreu enquanto Rebelo prestava depoimento como testemunha de defesa do almirante Almir Garnier, investigado por suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado.


Imagem Foto: Agência Brasil


A situação teve início após Rebelo afirmar que a declaração de Garnier sobre colocar tropas à disposição do então presidente Jair Bolsonaro não deveria ser interpretada de forma literal. Ele argumentou que, na língua portuguesa, expressões de impacto são comuns e nem sempre devem ser entendidas ao pé da letra.
“Quando alguém diz ‘estou frito’, não quer dizer que está numa frigideira”, exemplificou o ex-ministro.


Moraes reagiu de forma ríspida, perguntando se Rebelo havia presenciado a reunião em que Garnier teria feito a declaração. Ao receber uma resposta negativa, o ministro o repreendeu duramente, dizendo que ele não tinha condições de avaliar o contexto linguístico do momento e exigiu que se ativesse aos fatos. Rebelo, por sua vez, retrucou dizendo que não aceitava censura em relação à sua interpretação da língua portuguesa.



O embate subiu de tom quando Moraes advertiu que, caso o ex-ministro não se comportasse, seria preso por desacato. A audiência fazia parte do processo penal que investiga uma suposta tentativa de ruptura institucional no país.



A audiência foi marcada por outros momentos de tensão. O advogado Demóstenes Torres, responsável pela defesa de Garnier, questionou se a Marinha teria estrutura para realizar um golpe de Estado, o que foi prontamente contestado por Moraes. O ministro afirmou que não se pode fazer conjecturas sem base técnica e lembrou que Rebelo é um civil, apesar de ter ocupado o cargo de ministro da Defesa.



Em outro ponto do depoimento, o procurador Paulo Gonet perguntou se Rebelo acreditava que a Marinha, sem o apoio do Exército, teria condições de desestabilizar a ordem institucional. A defesa protestou, considerando a pergunta opinativa. Pensando que o microfone estivesse desligado, Gonet comentou: “Fiz uma cagada”.


Rebelo encerrou sua participação afirmando que Garnier não teria poder para mobilizar as tropas da Marinha de forma independente e que, sem o apoio do Exército, uma ação dessa magnitude não se sustentaria no Brasil.



O episódio evidenciou o clima acirrado em torno das investigações sobre a tentativa de golpe, com figuras públicas e autoridades protagonizando confrontos verbais em plena Corte Suprema.


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