Moraes ameaça prender Aldo Rebelo durante depoimento no STF

Ex-ministro reagiu a perguntas sobre frase do almirante Garnier e recebeu advertência severa do ministro do STF

Por Plox

23/05/2025 16h19 - Atualizado há cerca de 16 horas

O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo protagonizou um momento tenso durante seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (23), quando foi advertido pelo ministro Alexandre de Moraes e chegou a ser ameaçado de prisão por desacato.


Imagem Foto: Agência Brasil


Ao comentar a declaração do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, que disse estar 'à disposição' do ex-presidente Jair Bolsonaro para uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, Rebelo tentou argumentar sobre o uso da linguagem. “A força de expressão na língua portuguesa não pode ser tomada literalmente”, começou a explicar o ex-ministro, antes de ser interrompido por Moraes, que o questionou incisivamente: “O senhor estava na reunião onde a frase foi dita? Não? Então não tem condições de analisar a língua portuguesa pra dizer o que quer dizer”.



Em resposta, Aldo declarou que não admitia censura sobre sua opinião, o que levou Moraes a elevar o tom: “Se o senhor não responder a pergunta sim ou não, eu mando prendê-lo por desacato.”


Além do confronto verbal, Rebelo também criticou o curso das investigações, afirmando que o processo não teria apurado corretamente se houve uma ordem direta da cadeia de comando da Marinha para mobilização militar. “Nas Forças Armadas, a estrutura de comando precisa ser consultada. O chefe da Força dirige uma mesa. Quem dirige a tropa é o comandante de Operações”, declarou.



Rebelo ainda justificou a frase do almirante Garnier como um reflexo da hierarquia militar, que segundo ele, funciona com base na obediência a ordens superiores. “Garnier sempre teve um rigoroso cumprimento da hierarquia e da obediência. Os militares não questionam ordem, eles cumprem as ordens emanadas dos superiores e, dessa forma, estão sempre à disposição de seus superiores”, concluiu.


A oitiva de Rebelo aconteceu no âmbito do processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado. Essa fase do inquérito, conduzida pela Primeira Turma do STF, prevê a escuta de 80 testemunhas ligadas ao núcleo principal da investigação, que segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), reúne os mentores do plano golpista.



Além de Aldo Rebelo, também depuseram nesta sexta-feira o ex-vice-presidente Hamilton Mourão, que hoje é senador, e testemunhas indicadas pelas defesas do deputado Alexandre Ramagem e do ex-ministro Braga Netto. Mourão foi ouvido como testemunha de defesa do general Augusto Heleno e afirmou que não se esconderia de Bolsonaro, como insinuado anteriormente.


Os depoimentos seguem até o início de junho, com a presença de ministros do STF e da PGR durante as sessões.


Destaques