Mourão depõe ao STF como testemunha no caso da tentativa de golpe
Ex-vice-presidente presta esclarecimentos nesta sexta-feira (23) em defesa de Augusto Heleno e outros réus, incluindo Jair Bolsonaro
Por Plox
23/05/2025 10h33 - Atualizado há cerca de 19 horas
Nesta sexta-feira (23), o senador Hamilton Mourão, que ocupou o cargo de vice-presidente da República durante a gestão de Jair Bolsonaro, comparece ao Supremo Tribunal Federal (STF) para prestar depoimento como testemunha no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado supostamente planejada após as eleições de 2022.

O depoimento ocorre por videoconferência e faz parte da fase de oitivas das testemunhas de defesa. Mourão foi convocado principalmente em favor do general da reserva e ex-ministro Augusto Heleno, mas também será questionado por advogados de outros réus, incluindo o ex-presidente Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o ex-ministro Walter Braga Netto.
Embora tenha sido próximo de Bolsonaro durante o governo, Mourão não é mencionado diretamente na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que acusa o ex-presidente e seus aliados de articulação para a tomada do poder por vias ilegítimas. A acusação inclui crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Em declarações públicas anteriores, Mourão minimizou a gravidade das ações investigadas. Em novembro de 2024, ele chegou a afirmar que
“Não houve apoio expressivo das Forças Armadas. Não houve movimentação de tropas. Essas pessoas nem tinham comando militar para agir”
, descartando a possibilidade de um plano articulado com respaldo militar.
Além de Mourão, outras seis testemunhas devem ser ouvidas nesta tarde, entre elas o atual comandante da Marinha, almirante Marcos Olsen, e o ex-ministro Aldo Rebelo, que também já haviam relativizado os acontecimentos, tratando-os como reações políticas exageradas da oposição. O almirante tentou ser dispensado do depoimento alegando desconhecimento, mas o pedido foi negado pelo ministro Alexandre de Moraes.
As audiências, realizadas por videoconferência, seguirão até o dia 2 de junho. Pela manhã, já foram ouvidos testemunhos relacionados à defesa de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, e de Braga Netto. Essa etapa marca o início da fase de defesa do processo, após os depoimentos de acusação e da delação do tenente-coronel Mauro Cid.
Até o momento, 12 das 80 testemunhas previstas do chamado “núcleo 1” — o grupo considerado central na suposta trama — já prestaram depoimento. Após essa fase, serão marcados os interrogatórios dos réus, última etapa antes do julgamento. Em março, Bolsonaro e outros sete acusados foram formalmente denunciados pelo Ministério Público Federal, o que reforça a importância dessa fase processual para o desfecho do caso.