Pressão do mercado faz Haddad desistir de nova taxação sobre investimentos no exterior
Ministro da Fazenda justifica decisão como medida para conter especulações e manter atratividade de investimentos; ajuste de R$ 2 bilhões no orçamento pode ser necessário
Por Plox
23/05/2025 09h52 - Atualizado há cerca de 23 horas
Na manhã desta sexta-feira (23), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou os motivos que levaram o governo a recuar na proposta de alteração da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) aplicada a investimentos de fundos brasileiros no exterior.

Segundo o ministro, a decisão teve como objetivo evitar especulações e manter a confiança do mercado. Em entrevista à imprensa, Haddad destacou que o governo contou com sugestões de parceiros e especialistas do setor financeiro que alertaram para potenciais problemas causados pela medida. \"Tivemos subsídios de pessoas do mercado dizendo que o IOF poderia acarretar problemas\", afirmou, acrescentando que o Executivo está disposto a corrigir rotas desde que continue no caminho de alcançar as metas fiscais.
A proposta anunciada pela equipe econômica na quinta-feira (22) incluía uma alíquota de 3,5% sobre esses investimentos. No entanto, diante da reação negativa dos agentes do mercado financeiro, a Fazenda voltou atrás horas depois, mantendo a alíquota atual de 0%, conforme publicação feita no perfil oficial da pasta na rede X (antigo Twitter).
Além disso, o governo também decidiu não alterar a tributação sobre remessas destinadas a investimentos por pessoas físicas, mantendo a alíquota vigente de 1,1%. Estimativas de especialistas apontam que o recuo representa menos de 10% do impacto na arrecadação prevista com as mudanças, estimada em R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026.
Haddad reconheceu que, com a retirada da nova alíquota, será necessário ajustar o congelamento de recursos em cerca de R$ 2 bilhões para garantir o equilíbrio das contas. \"Dada a repercussão, tivemos que ser rápidos na revisão\", declarou o ministro.
Quanto ao diálogo com o Banco Central, Haddad afirmou que há respeito aos mandatos institucionais de cada órgão e que não interfere nas decisões da autoridade monetária. Mesmo assim, ele revelou que conversou com o presidente do BC, Gabriel Galípolo, e que o Planalto o consultou sobre as propostas antes da decisão final. Fontes relataram que a avaliação de Galípolo foi considerada essencial para o recuo do governo.
Na noite de quinta-feira, uma reunião de emergência foi convocada para tratar do tema, sem a presença de Haddad, que já estava em São Paulo. O episódio reforça o peso da reação do mercado e a disposição do governo em ouvir especialistas para evitar danos econômicos maiores.
A decisão marca mais um momento de reavaliação estratégica por parte da Fazenda, que busca equilibrar arrecadação e estabilidade econômica sem prejudicar o ambiente de investimentos no país.