Testemunha afirma que Braga Netto estava em Copacabana durante ataques em Brasília
Coronel do Exército relatou ao STF que encontrou general na praia para jogar vôlei no dia 8 de janeiro de 2023, e que ele se surpreendeu com os atos de violência
Por Plox
23/05/2025 10h37 - Atualizado há cerca de 22 horas
Durante audiência no Supremo Tribunal Federal, nesta sexta-feira (23), o coronel Waldo Manuel de Oliveira Aires, testemunha de defesa do general Walter Braga Netto, relatou que esteve com o ex-ministro no dia 8 de janeiro de 2023, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Segundo ele, os dois estavam jogando vôlei no Posto 6 quando souberam dos ataques violentos e das invasões aos prédios públicos em Brasília.
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Conforme o depoimento, ocorrido em sessão comandada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação sobre tentativa de golpe de Estado, Braga Netto demonstrou surpresa ao tomar conhecimento da situação. $&&$ \"Acredito que para todo mundo foi uma surpresa. Ninguém esperava. A manifestação, até que esperávamos, mas aqueles atos de depredação ninguém esperava. Causou uma certa surpresa em todo mundo\" $, relatou Aires, destacando o histórico pacífico das manifestações conservadoras.
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Apesar do depoimento, Moraes rejeitou um pedido da defesa do general na véspera, mantendo sua prisão preventiva. O ministro entendeu que ainda há risco de interferência na instrução do processo, que está em fase inicial. A Procuradoria-Geral da República também defendeu a continuidade da prisão, argumentando que a denúncia apresentada não elimina o perigo de obstrução.
A decisão foi respaldada ainda por depoimento do brigadeiro Baptista Júnior, que afirmou ter sido pressionado por militares sob orientação de Braga Netto por se posicionar contra o suposto plano golpista.
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Braga Netto está detido desde 14 de dezembro de 2024, por determinação do STF com base em investigações da Polícia Federal. Ele é apontado como integrante do núcleo central de uma organização criminosa que teria atuado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais.
A denúncia contra Braga Netto e outros sete acusados, incluindo o próprio ex-presidente, foi acolhida em março deste ano. Desde segunda-feira (19), a Corte ouve testemunhas na ação sobre a tentativa de golpe, iniciando pelos depoentes de acusação.
Entre os já ouvidos estão o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior, e o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, que confirmaram a existência de um plano golpista liderado por Bolsonaro.
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Nesta sexta-feira, estão previstas as oitivas de testemunhas de defesa do general Augusto Heleno e do almirante Almir Garnier Santos. O senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão será uma das testemunhas, podendo responder também a questionamentos feitos por advogados de Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto.
No mesmo processo, o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, teve negado um pedido para não depor. Ele alegou não ter informações relevantes, mas a defesa de Garnier argumentou que sua fala é essencial, especialmente para esclarecer o contexto de uma nota emitida pela Marinha em novembro de 2024.
Garnier, também réu na ação, é acusado de apoiar a tentativa de impedir a posse de Lula. Segundo Baptista Júnior, ele não demonstrou oposição ao plano golpista, ao contrário de Freire Gomes, que teria sido a única voz contrária entre os comandantes militares.
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As audiências seguem no STF com a expectativa de novos desdobramentos sobre a trama que buscou reverter o resultado das eleições de 2022.