Zema questiona ação da PF em loja da família e sugere retaliação política do governo Lula
Governador de Minas Gerais disse que sete viaturas da Polícia Federal participaram de fiscalização em empresa da família em fevereiro; Ministério do Trabalho nega operação e afirma que alvo foi terceirizada com trabalhadores em condições degradantes
Por Plox
23/05/2025 13h36 - Atualizado há cerca de 18 horas
Em entrevista à Revista Oeste na noite de quinta-feira (22), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), levantou suspeitas de que uma fiscalização realizada em fevereiro em uma loja pertencente à sua família teria sido motivada por interesses políticos ligados ao governo federal. Ele afirmou que sete viaturas da Polícia Federal acompanharam auditores do Ministério do Trabalho durante a ação.

Zema disse que a empresa, com mais de 100 anos de história, jamais havia enfrentado uma operação daquele porte. Ele relatou surpresa com a presença ostensiva da PF e classificou a ação como um fato inédito para a companhia, sugerindo que o episódio poderia ter ligação com o cenário político de 2026, no qual ele desponta como possível adversário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ao ser perguntado diretamente se via a ação como perseguição política, o governador evitou afirmar de forma categórica, mas lançou a dúvida: “Deixo para vocês concluírem”. Zema explicou que, apesar de não terem sido encontradas irregularidades na loja, os agentes prosseguiram para apurar empresas terceirizadas.
A versão de Zema foi desmentida por Carlos Calazans, superintendente do Trabalho em Minas Gerais. Ele afirmou que não houve qualquer operação em unidades das Lojas Zema, mas confirmou a autuação de uma transportadora terceirizada da rede. Na empresa, 22 trabalhadores foram encontrados em situação análoga à escravidão. A fiscalização foi interrompida por decisão judicial da Comarca de Araxá, mas o processo segue e a transportadora pode entrar na próxima “lista suja”.
“O governador não tinha o direito de afirmar que foi perseguido. Nossos auditores agem com seriedade, e uma operação com sete viaturas da PF em uma loja é algo que nunca aconteceu”, declarou Calazans, reforçando que a atuação do Ministério do Trabalho em Minas é técnica e baseada em evidências.
A assessoria do governo de Minas declarou que Zema se manifestou em caráter pessoal, e que o Estado não comentaria o caso. A reportagem também procurou a Polícia Federal e o Grupo Zema para obter declarações oficiais, mas ainda não obteve retorno.
Questionado sobre a existência de inquéritos contra a empresa, o governador respondeu que não há processos abertos contra o Grupo Zema, mas reconheceu que as investigações estão sendo conduzidas contra terceirizadas. Para ele, a coincidência do episódio ter ocorrido sob o governo Lula levanta dúvidas sobre suas motivações.