Kassio Nunes Marques presidirá TSE em 2026 com estilo oposto a Alexandre de Moraes

Moraes centralizou poderes e focou em combater a desinformação, reagindo a ataques contra o órgão e o sistema de votação eletrônico liderados por Jair Bolsonaro

Por Plox

23/06/2024 15h54 - Atualizado há 5 dias

As eleições de 2026 prometem uma mudança significativa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), comparadas às de 2022, que foram lideradas por Alexandre de Moraes. O ministro Kassio Nunes Marques, conhecido por sua boa relação com o Congresso Nacional, está prestes a assumir a presidência do TSE. Ele defende uma menor intervenção do Judiciário nas disputas políticas, um contraste marcante com a gestão centralizadora de Moraes.

O ministro do STF Kássio Nunes Marques — Foto: Divulgação

Kassio, que tem expressado sua visão tanto publicamente quanto em círculos privados, pretende adotar uma postura de menor interferência durante sua gestão no TSE. Ele assumirá a presidência em agosto de 2026, durante a campanha eleitoral, permanecendo no cargo até maio de 2027. André Mendonça será seu sucessor.
Essa abordagem menos interventiva de Kassio coincide com as expectativas de muitos parlamentares, que desejam ver o TSE afastado dos holofotes. Nos últimos anos, o Legislativo tem enfrentado conflitos com o TSE e o Supremo Tribunal Federal (STF) devido ao que os congressistas do Brasil entendem como uma invasão de suas prerrogativas.
Durante sua presidência no TSE em 2022, Moraes centralizou poderes e focou em combater a desinformação, reagindo a ataques contra o órgão e o sistema de votação eletrônico liderados por Jair Bolsonaro e seus aliados. No entanto, a continuidade dessa postura após o período crítico intensificou a grande crise entre os Poderes. Ministros da alta corte, antes no trabalho sem mídia, passaram a ser criticados até mesmo em outros países.
Nos últimos meses, Moraes tentou reduzir as tensões entre o Congresso e o TSE. Isso foi evidente no julgamento que rejeitou a cassação do senador Sergio Moro.
Apesar de ter sido nomeado para o STF por Bolsonaro em 2020, Kassio também tem se aproximado do governo Lula, atuando em processos essenciais, como a conciliação no caso da participação societária da União na Eletrobras. Antes de sua nomeação para o STF, Kassio foi juiz do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e tentou uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Apesar dessa aproximação com o governo Lula, Kassio manteve decisões favoráveis a Bolsonaro. Em 2022, ele votou contra a inelegibilidade de Bolsonaro no julgamento sobre a reunião com embaixadores estrangeiros, onde o ex-presidente fez afirmações falsas sobre o processo eleitoral. Embora tenha defendido o sistema eletrônico de votação, Kassio não considerou a ação grave o suficiente para condenar Bolsonaro, sendo vencido por 5 a 2 no TSE.
O TSE é composto por sete integrantes titulares, três dos quais são do STF. Em 2026, além de Kassio e Mendonça, o ministro Dias Toffoli também integrará a corte eleitoral.

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