Zika vírus pode reativar e causar novos sintomas neurológicos, revela estudo da UFRJ

Pesquisa destaca risco de reativação do vírus em condições de baixa imunidade

Por Plox

23/06/2024 13h52 - Atualizado há cerca de 1 ano

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram que o zika vírus pode reativar-se e causar novos episódios de sintomas neurológicos. O estudo, publicado no periódico iScience, detalha essa reação tardia.

Foto: Pixabay/Reprodução

Zika vírus pode persistir e reativar-se, aponta pesquisa

Em um estudo conduzido ao longo de quatro anos, aproximadamente 200 camundongos foram observados após se recuperarem da infecção pelo zika vírus. Liderada pelas cientistas Julia Clarke e Claudia Figueiredo, da UFRJ, a pesquisa revelou que, em situações de imunidade reduzida, o vírus pode voltar a se replicar no cérebro e em outras áreas como os testículos.

"Alguns vírus podem 'adormecer' em tecidos do corpo e 'acordar' para se replicar novamente, produzindo novas partículas infecciosas", explicou Julia Clarke. Essa replicação está associada à produção de RNA viral resistente à degradação, acumulando-se nos tecidos.

 

RNA viral e sintomas neurológicos

Os testes aplicados, incluindo PCR e microscopia confocal, mostraram que o zika pode permanecer no corpo por longos períodos após a fase aguda da infecção. O material genético do vírus foi encontrado em locais como placenta, sêmen e cérebro meses após os sintomas desaparecerem.

Julia Clarke observou que a replicação do vírus no cérebro gera substâncias intermediárias de RNA, aumentando a predisposição a convulsões. Os resultados indicam que a amplificação do RNA viral piora os sintomas neurológicos, principalmente em machos.

"Nosso grupo pretende caracterizar se as áreas de calcificação cerebral são onde o vírus permanece adormecido e testar um medicamento que pode prevenir a reativação do vírus", destacou Clarke.

 

Implicações para a saúde pública

A pesquisa, financiada pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), revela importantes implicações para a saúde pública. Clarke ressaltou a importância do estudo para entender a capacidade do vírus de persistir e reativar-se, destacando a necessidade de monitoramento a longo prazo de pacientes expostos ao zika.

O trabalho contou com a colaboração dos Institutos de Microbiologia Paulo de Góes e de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, ambos da UFRJ.

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