Golpistas usam anúncios pagos no Instagram para enganar consumidores com lojas falsas
Perfis clonados, preços atrativos e patrocínios em redes sociais fazem parte da estratégia de fraude que já causou prejuízo a diversas vítimas; Meta identificou desconfiança em 70% dos novos anunciantes
Por Plox
23/06/2025 08h44 - Atualizado há 1 dia
Usuários do Instagram estão sendo alvo de um novo tipo de golpe: publicações patrocinadas promovendo produtos de supostas lojas, que na verdade não existem. A estratégia consiste em redirecionar o consumidor a sites falsos, levando-o a realizar pagamentos sem jamais receber a encomenda. Em muitos casos, dias após a compra, a página sai do ar, e não há proteção clara contra esse tipo de fraude.

Estratégia dos golpistas
Para atrair a atenção das vítimas, os criminosos clonam perfis de lojas conhecidas, incluindo nomes, logos e até publicações originais. Esses perfis falsos patrocinam anúncios nas redes sociais para ganhar alcance, criando a ilusão de legitimidade. Com isso, consumidores acreditam estar comprando de empresas confiáveis, quando, na verdade, estão sendo enganados.
Além das publicações no feed, os golpistas também utilizam os stories da plataforma. Em um dos casos, uma mulher, de 37 anos, visualizou um story patrocinado de uma lixeira de inox. Após efetuar a compra, começou a desconfiar da autenticidade do site.
“Cliquei no anúncio do Instagram. Fiz pagamento por pix. Comprei uma lixeira de inox que eu nunca recebei. Fizeram pior ainda: passaram meus dados para outros golpistas e, todo dia, chegavam mensagens dizendo que eu deveria pagar alguma taxa para receber a lixeira. Felizmente, as próprias mensagens se contradizem. Uma falou que a lixeira estava retida nos Correios, outra que estava em outra transportadora, outra dizia que a lixeira estava na Receita Federal e assim por diante", relatou Ana Laura Borba Santos, de Governador Valadares, Minas Gerais.
Perfis clonados, preços atrativos e patrocínios em redes sociais fazem parte da estratégia de fraude que já causou prejuízo a diversas vítimas; a Meta identificou desconfiança em 70% dos novos anunciantes, Pedro Carlos Alberto Rocha, de 47 anos, é mais uma vítima.
"Ao ver um anúncio de um curso em vídeo para ganhar dinheiro na internet. o curso chegaria por e-mail. O e-mail chegou me informando que eu fui bobo em ter acreditado e que eu cai no golpe. Em seguida, a mensagem dizia que, se eu cai, era a prova de que o sistema de ganhar dinheiro fácil na internet funcionava e me orientou a fazer a mesma coisa com outras pessoas para recuperar o que eu perdi. Me chama a atenção o fato da polícia não conseguir pegar esses caras", relatou.
No site Reclame Aqui, é possível encontrar vários relatos similares. Uma usuária contou que fez uma compra via Pix e, depois disso, foi solicitada a realizar um novo pagamento, sob a justificativa de "taxa de entrega". Após efetuar ambos os pagamentos, a loja sumiu sem deixar vestígios. Ao investigar, a vítima percebeu que o perfil usava comentários positivos comprados e marcações enganosas, sem nenhuma informação verdadeira.
Meta detectou irregularidades
Segundo uma reportagem publicada pelo The Washington Post, uma análise interna da Meta realizada em 2022 identificou que 70% dos novos anunciantes estavam promovendo conteúdos problemáticos. A investigação apontou que muitos desses anúncios impulsionavam “golpes, produtos ilícitos ou de baixa qualidade”.
A empresa ainda não divulgou medidas eficazes para impedir a atuação desses perfis fraudulentos, o que deixa os usuários expostos a novas fraudes mesmo após denúncias ou encerramentos de páginas.