Impacto do conflito no Irã pressiona preços de combustíveis e alimentos no Brasil

Especialistas apontam que ameaça ao Estreito de Ormuz pode elevar diesel em quase R$ 1 e puxar inflação

Por Plox

23/06/2025 16h27 - Atualizado há 1 dia

A escalada de tensões envolvendo EUA, Israel e Irã acendeu o alerta no mercado internacional e ameaça encarecer produtos essenciais no Brasil.


Imagem Foto: Reprodução


A principal preocupação gira em torno do diesel. Cerca de 20% a 30% do combustível consumido no país é importado, tornando o Brasil sensível ao preço do petróleo no exterior. Murilo Barco, diretor comercial da Valêncio Consultoria, estima que o preço do diesel ainda tem espaço para subir cerca de R$ 0,48 por litro — e, em cenário extremo, poderia chegar a um incremento de R$ 1.



Ele ressalta, porém, que ainda é cedo para afirmar o tamanho da alta: o petróleo Brent subiu para US$ 77,70 por barril recentemente, numa alta de 0,84%, mas está longe dos US$ 100 especulados em caso de bloqueio do Estreito de Ormuz.



A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) indica uma defasagem no preço do diesel no Brasil equivalente a R$ 0,58 frente ao mercado internacional, e no caso da gasolina esse descompasso é de R$ 0,24. Segundo Sérgio Araujo, presidente da Abicom, \"a defasagem dos preços da Petrobras já está elevada\".



De acordo com Ticiana Álvares, diretora técnica do Ineep, a gasolina sofre menos com essa alta global, pois o Brasil importa menos do produto e a Petrobras já não utiliza apenas a paridade de importação para o reajuste desde 2023. Ela destaca que, mesmo assim, o diesel segue como o combustível mais afetado — ressaltando que o etanol pode tirar vantagem nesse cenário.



Os efeitos econômicos não param nos postos. Bruno Imaizumi, economista da LCA 4intelligence, alerta:
se as defasagens fossem zeradas, isso teria um impacto direto de 0,2 pontos percentuais no IPCA

. O aumento no preço do transporte, principalmente movido a diesel, tende a inflacionar o custo de alimentos e outros itens que dependem de logística.


A combinação de tensão geopolítica, preços internacionais instáveis e a sensibilidade do Brasil a importações de combustíveis cria um cenário de incerteza para a inflação. O país deverá monitorar de perto a evolução do conflito e seus impactos nos preços domésticos — sobretudo até que qualquer desdobramento no Estreito de Ormuz se confirme ou se descarte.


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