Lobista e Fintech Tentam Fraudar R$ 300 Milhões no BNDES

Esquema com documentos falsos buscava financiamento milionário para aquisição de banco; PF desmantela operação

Por Plox

23/06/2025 07h29 - Atualizado há 2 dias

Uma tentativa de fraude de R$ 300 milhões contra o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi desarticulada pela Polícia Federal (PF) por meio da Operação Wolfie. O esquema envolvia a fintech I9Pay, sediada em Campinas (SP), e o lobista Christian Simões, que prometia facilidades para a obtenção de um empréstimo milionário junto ao banco público.


Imagem Foto: Agência Brasil


As investigações começaram após a apreensão de documentos na Operação Concierge, deflagrada em agosto do ano passado, que revelou uma rede de lavagem de dinheiro envolvendo fintechs e o crime organizado. A análise dos dados mostrou que a I9Pay havia protocolado um pedido de financiamento junto ao BNDES dias antes da operação, utilizando documentos falsificados para inflar seu capital social e maquiar balanços financeiros deficitários.



Mensagens obtidas pela PF mostram a comunicação entre Patrick Burnett, dono da I9Pay, e Christian Simões, que se apresentava como próximo de pessoas influentes no BNDES. Em uma das mensagens, Simões afirma:
\"Agora vou abrir o coração pra você: conversei com a Tainá e você tem lá trezentos milhão mesmo viu meninão! Vou buscar esse dinheiro pra você, tá? Trezentos milhões você tem mesmo lá viu, eu gosto de você porque você não mente, você é um cara verdadeiro\"

. Burnett responde:
\"Fala mestre, como é que você está? Tudo bem? Beleza aí? Bom eu tô com a senha aqui, sexta-feira eu estou com mago, já pra estruturar já números né? Porque eu vou dar a entrada com cento e sessenta tá, e aí vai bingar!\"

.


A PF cumpriu três mandados de prisão preventiva em Campinas e dois mandados de busca e apreensão em Campinas e Hortolândia. Os investigados responderão por crimes como falsidade ideológica, uso de documento falso, associação criminosa, obtenção de financiamento mediante fraude e advocacia administrativa, cujas penas máximas somadas ultrapassam 25 anos de prisão.



O BNDES informou que seus mecanismos de controle e governança identificaram a tentativa de fraude e que, com isso, a suposta fintech não foi habilitada e não houve nenhuma liberação de recursos. A instituição ressaltou que possui rigorosos e consolidados mecanismos de controle e compliance, que fazem com que tenha um índice de inadimplência muito menor do que todo o sistema financeiro.



A Operação Wolfie é um desdobramento da Operação Concierge, que investigou a atuação de fintechs que operavam como bancos clandestinos, facilitando a lavagem de dinheiro para organizações criminosas, incluindo o Primeiro Comando da Capital (PCC). A investigação revelou que essas fintechs movimentaram cerca de R$ 7,5 bilhões em transações suspeitas.



A PF continua investigando possíveis conexões internas no BNDES que possam ter facilitado a tentativa de fraude. Nomes mencionados nas mensagens, como Tainá, são citados como funcionários do banco, e há suspeitas de que contatos internos possam ter colaborado com o esquema. No entanto, até o momento, o BNDES é considerado vítima na investigação.


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