STF inicia acareações em processo contra Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe
Confrontos entre depoimentos de Mauro Cid, Braga Netto, Anderson Torres e Freire Gomes marcam nova fase da investigação sobre suposta trama golpista após as eleições de 2022
Por Plox
23/06/2025 07h26 - Atualizado há 1 dia
Na terça-feira, 24 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) dará início a uma etapa decisiva no processo que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Nesta fase, serão realizadas acareações entre os principais envolvidos, visando esclarecer contradições nos depoimentos anteriores.

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e delator no caso, será confrontado com o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil. A defesa de Braga Netto solicitou a acareação, alegando que Cid apresentou informações falsas ao implicar o general em reuniões que discutiriam um plano golpista.
Em outra acareação, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres será colocado frente a frente com o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército. Torres busca contestar declarações de Freire Gomes que o vinculam a encontros com teor golpista.
Essas acareações ocorrem após o encerramento dos interrogatórios dos réus do chamado 'núcleo crucial' do processo, realizados entre 9 e 10 de junho. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa esse grupo de liderar uma organização criminosa que teria planejado reverter o resultado das eleições de 2022.
Além de Bolsonaro, integram o 'núcleo crucial':
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.
Os crimes imputados incluem organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. As penas podem chegar a 43 anos e 4 meses de prisão.
Após as acareações, o processo seguirá para a fase de alegações finais, com prazo de 15 dias. Em seguida, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, elaborará seu voto, e o julgamento será agendado na Primeira Turma do STF. A expectativa é que o julgamento ocorra ainda no segundo semestre de 2025.
\"A acareação entre Mauro Cid e Braga Netto visa esclarecer pontos cruciais sobre o suposto plano de golpe\", afirmou o ministro Alexandre de Moraes.