Demora do MEC na compra de livros pode comprometer ano letivo de 2026
Falta de aquisição de materiais didáticos de Ciências, História e Geografia preocupa especialistas e pode impactar alunos da rede pública
Por Plox
23/07/2025 09h05 - Atualizado há 10 dias
O início do ano letivo de 2026 nas escolas públicas brasileiras corre o risco de começar sem livros didáticos essenciais. Até agora, o Ministério da Educação (MEC) não efetivou a compra dos materiais de Ciências, Geografia e História. Enquanto isso, apenas os livros de Português e Matemática, voltados aos primeiros anos do ensino fundamental, tiveram a aquisição autorizada para o próximo ciclo escolar.

Segundo representantes das editoras, a situação se torna crítica, pois, se o processo de aquisição não for concluído até agosto, o cronograma de produção e distribuição dos livros ficará comprometido. Isso pode impossibilitar a chegada dos materiais a tempo do início das aulas. Mesmo com as obras de Ciências, História, Geografia e Artes já avaliadas e aprovadas, o MEC ainda não autorizou a compra desses conteúdos.
O sociólogo Rudá Ricci, presidente do Instituto Cultus Rudit, aponta que essa escolha do ministério reflete uma visão limitada sobre o papel das disciplinas escolares. Para ele, a prioridade dada a Português e Matemática se baseia unicamente no Ideb, índice que avalia apenas essas áreas.
\"Há uma concepção errada no Brasil, inclusive no MEC, de que só Português e Matemática são fundamentais, por conta do Ideb... acreditar que só essas disciplinas são centrais é cientificamente incorreto\", afirmou Ricci.
Já o professor Carlos Roberto Jamil Cury, da PUC Minas, destaca que a legislação brasileira exige a disponibilização de material didático para toda a educação básica. Ele ressalta que o artigo 26 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) determina a obrigatoriedade do ensino de História, reforçada também nos artigos 32 e 70.
\"Ao priorizar apenas Português e Matemática, o MEC contraria o que estabelece a legislação e prejudica a formação cidadã prevista na Constituição\", criticou Cury.
A reportagem procurou o Ministério da Educação, que declarou que a responsabilidade pela compra dos livros é do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). No entanto, até o fechamento da matéria, o órgão não havia se manifestado oficialmente.
Diante da incerteza, cresce a preocupação sobre os impactos dessa demora na rotina escolar e na qualidade do ensino público em 2026, especialmente para os alunos que dependem exclusivamente do material didático fornecido pelo governo.