Ex-assessor do TSE é denunciado por vazar dados sigilosos e atuar contra a democracia
Eduardo Tagliaferro, ligado ao gabinete de Moraes, é acusado de alimentar campanhas contra o sistema eleitoral brasileiro após repassar informações reservadas
Por Plox
23/08/2025 13h37 - Atualizado há cerca de 6 horas
A Procuradoria-Geral da República apresentou uma denúncia formal contra Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por uma série de crimes relacionados à violação do processo democrático brasileiro.

Tagliaferro, que atuava como chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE, ganhou notoriedade ao divulgar ilegalmente comunicações internas com integrantes da Corte e do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo trocas com o ministro Alexandre de Moraes, de quem era subordinado direto.
Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o ex-assessor teria praticado quatro crimes: violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação criminal que envolve organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A denúncia aponta que os vazamentos ocorreram enquanto Tagliaferro ainda ocupava o cargo, com o intuito de alimentar a narrativa de grupos responsáveis por disseminar informações falsas contra o sistema eletrônico de votação e a Justiça Eleitoral. Os dados repassados, considerados confidenciais, visavam atender a interesses próprios e de terceiros envolvidos em campanhas de desinformação.
“O denunciado, alinhado às condutas da organização criminosa responsável pela tentativa de golpe de Estado [...] revelou informações confidenciais que obteve em razão do cargo ocupado”, afirmou a PGR no documento.
Mesmo após deixar o país, o ex-assessor teria continuado colaborando com outros investigados, promovendo arrecadações financeiras e intensificando ataques ao Judiciário, conforme aponta o Ministério Público Federal.
A Polícia Federal, ao concluir seu relatório, reforçou que Tagliaferro agiu “de forma consciente e voluntária” ao violar o sigilo funcional. A investigação identificou, inclusive, uma conversa do ex-assessor com sua esposa, em abril de 2024, na qual ele teria admitido ter repassado informações obtidas durante sua função ao jornal Folha de São Paulo.
O relatório policial detalha que o objetivo do vazamento seria fragilizar a imagem pública do ministro Alexandre de Moraes, colocar em dúvida sua imparcialidade nos processos conduzidos no STF e, consequentemente, dificultar o avanço das investigações relacionadas às organizações criminosas que atuaram em atos antidemocráticos.
A acusação formal contra Tagliaferro ocorre em meio a uma série de desdobramentos envolvendo figuras públicas e membros do Judiciário, em um momento de intensificação do combate à desinformação e à incitação contra as instituições democráticas no país.