Funed deixará de produzir vacinas contra meningite para o Ministério da Saúde

Fundação alega inviabilidade econômica para manter contrato de 17 anos e interromperá a transferência de tecnologia

Por Plox

23/08/2025 10h13 - Atualizado há cerca de 10 horas

A Fundação Ezequiel Dias (Funed), sediada em Minas Gerais, comunicou que não seguirá com a produção de vacinas contra a meningite C e ACWY destinadas ao Ministério da Saúde. O motivo apontado pela instituição foi a inviabilidade econômica, já que a construção de fábricas próprias exigiria investimentos bilionários. O encerramento formal da transferência de tecnologia para a vacina meningocócica C está previsto para fevereiro do próximo ano.


Imagem Foto: Reprodução Funed


De acordo com a Funed, o contrato, vigente há 17 anos, será descontinuado por falta de condições financeiras e operacionais. A instituição explicou que seria necessário construir uma planta para a produção da vacina meningocócica C, com custo estimado em R$ 2 bilhões. Para a vacina ACWY, também considerada inviável, o valor necessário seria em torno de R$ 1 bilhão para a instalação de uma estrutura voltada à proteína CRM197.


O Ministério da Saúde afirmou que não há risco de desabastecimento no SUS, já que os imunizantes estão sendo adquiridos diretamente de outros laboratórios.
“Após a Funed comunicar que não conseguiu concluir a transferência de tecnologia, o Ministério buscou laboratórios produtores, garantindo a aquisição direta das doses e a oferta para este e para o próximo ano”

, informou a pasta.


Somente em 2025, já foram distribuídas 3,4 milhões de doses da vacina ACWY e 4,5 milhões da meningocócica C em todo o país. Minas Gerais recebeu 460 mil doses da ACWY, aplicando até agora 288 mil, e 445 mil da meningocócica C, com 215 mil já utilizadas.


Além das dificuldades financeiras, a Funed citou que, por ser uma fundação pública, enfrenta “diversas burocracias”, como regras rígidas de contratação e aquisição de insumos, o que atrapalha a agilidade necessária para o setor farmacêutico. A instituição, contudo, ressaltou que mantém parceria com o Ministério da Saúde em outras áreas, como a produção de insulina, talidomida, entecavir e soros antipeçonhentos.



Apesar da interrupção, a vacinação contra meningite segue normalmente no país. No caso da meningite C, o calendário nacional prevê aplicação em crianças aos 3 e 5 meses de idade, além do reforço aos 12 meses, com ampliação do uso para adolescentes de 11 a 14 anos. Já a vacina ACWY é indicada para crianças a partir de 2 meses, adolescentes e adultos, também com reforço nessa faixa etária.



Com o encerramento do contrato com a Funed, caberá ao Ministério da Saúde definir os laboratórios que irão assumir a produção nacional, assegurando que a imunização continue disponível em todo o território brasileiro.


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