Saúde de tartarugas melhora com despoluição da Baía de Guanabara
Estudo revela que redução de poluição tem impactado positivamente a saúde de tartarugas-verdes na Baía de Guanabara, segundo pesquisadores.
Por Plox
23/08/2025 21h55 - Atualizado há 2 dias
Um estudo recente revelou uma melhora significativa na saúde das tartarugas-verdes que habitam a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. De acordo com pesquisadores, essa evolução está diretamente relacionada aos avanços nos esforços de despoluição da região.

Essas tartarugas, que nascem no continente africano e percorrem milhares de quilômetros até a costa brasileira, permanecem na baía até atingirem entre 20 e 40 anos de idade, quando retornam para se reproduzir. Durante esse período, encontram abrigo nas águas cariocas, mas também enfrentam ameaças como a poluição, frequentemente ingerindo plásticos e resíduos sólidos confundidos com alimento.
A rede de pesquisa “Tartarugas Cariocas” realiza o acompanhamento da saúde desses animais, em um projeto que envolve cientistas da Fiocruz, UFRJ, UFF, Universidade Federal do Rio Grande (FURG), além dos institutos Caminho Marinho e Mar Urbano. O monitoramento inclui pesagem, medições, exames laboratoriais, raio-x, ultrassonografias e identificação individual baseada nas manchas da cabeça de cada tartaruga, consideradas únicas como uma impressão digital.
Segundo o oceanógrafo Gustavo Baila, da FURG, a redução de ocorrências de animais doentes evidencia a melhora contínua da qualidade da água na baía. Ele ressalta que os impactos positivos alcançam não apenas a fauna marinha, mas também a população do entorno.
Dados do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) mostram que praias da região, como a do Flamengo, estão mais limpas. A concessionária Águas do Rio destacou que o desvio do Rio Carioca para o emissário de Ipanema impediu que mais de 100 milhões de litros de esgoto por dia chegassem à baía. O governo estadual também informou a instalação de 17 ecobarreiras, que evitaram o despejo de mais de uma tonelada de lixo.
No entanto, áreas da Baixada Fluminense ainda enfrentam sérios problemas, com lançamento contínuo de resíduos, chorume e cerca de 18 mil litros de esgoto sem tratamento despejados por segundo, conforme dados do Comitê de Bacias da Baía de Guanabara.
Para Ricardo Gomes, diretor do Instituto Mar Urbano, a observação das tartarugas é também uma forma de projetar o futuro da cidade. Ele reforça que investir na recuperação ambiental da baía representa ganhos para todos: saúde, turismo, economia e qualidade de vida da população.