Corpo da menina Agatha é enterrado em meio a contestações sobre versão policial

A garotinha morreu quando estava dentro de uma Kombi. Ela foi atingida por tiro de fuzil nas costas

Por Plox

23/09/2019 07h51 - Atualizado há mais de 4 anos

O corpo da menina Agatha Vitória Sales Félix, de apenas 8 anos, foi enterrado na tarde do domingo, 22 de setembro, em Inhaúma (RJ), e causou revolta entre os que estavam presentes. Houve uma manifestação que envolveu amigos, moradores e ativistas, que seguiram das proximidades da Unidade de Pronto Atendimento de Itararé até o cemitério, pedindo o fim da violência policial na comunidade onde houve o assassinato da garotinha.

Emocionado, o avô da menina afirmou que "ela está no céu, que é o lugar que ela merece". Já um motorista que teria visto um policial atirando e ajudou a socorrer Agatha, bradou: "A polícia matou um inocente. Não teve tiroteio nenhum. Foi dois disparos que ele deu. É mentira”. Segundo outras pessoas que estavam no velório, inclusive parentes, a criança não teria sido atingida durante confronto entre bandidos e policiais, negando a versão dos militares. Após ser atingida, a menina foi encaminhada a um hospital, mas não resistiu. 

(foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Menina Agatha morreu aos 8 anos- Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Rodrigo Mondego, advogado e membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), afirmou que a comissão acompanhará o inquérito. "Já acompanhamos a primeira testemunha ontem do caso, que é o motorista da Kombi que viu que foram os policiais que atiraram em direção à Kombi, que vitimou a Agatha". O grupo buscará mais pessoas que se disponibilizem a falar sobre o que sabem. "Quando o autor do fato é um agente de Estado as pessoas têm medo. Então a gente vai conversar com eles, tentar convencer, apresentar os programas de testemunhas que existem, para poder garantir que essas testemunhas falem", adiantou.

A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro disse que lamenta "profundamente a morte da pequena Agatha no Complexo do Alemão" e que continua com a versão de que os policiais reagiram aos bandidos que atiraram contra eles e  que foram atacados de vários locais ao mesmo tempo. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) investigará o que motivou a ação. As armas dos policiais que patrulhavam o Complexo do Alemão quando Agatha foi atingida serão periciadas, conforme a Polícia Civil. A família da menina prestou depoimento e outras pessoas irão depor nesta segunda, segundo a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

Atualizada 11h10

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