Golpes com inteligência artificial crescem e colocam em risco a segurança de dados pessoais

O uso da inteligência artificial (IA) por criminosos está cada vez mais sofisticado, permitindo fraudes de maneira rápida e eficaz. Com apenas três segundos de áudio, é possível clonar vozes, e com uma simples foto, criar deepfakes que burlam autenticações biométricas, como alertam especialistas em segurança digital. A tecnologia, que pode adivinhar senhas e reproduzir imagens falsas, tem facilitado a aplicação de golpes financeiros e outros crimes virtuais.

Fraudes sofisticadas: roubo de identidade e clonagem de voz
Estelionatários têm recorrido à IA para imitar vozes e rostos de conhecidos das vítimas. Um dos casos relatados envolve um empresário que perdeu R$ 20 mil após receber um áudio de um suposto amigo pedindo um envio de produtos, quando na verdade, era uma clonagem de voz feita por IA. Fabio Assolini, da Kaspersky, alerta sobre a facilidade de criar vídeos falsos a partir de fotos 3x4, usados para realizar fraudes financeiras em nome das vítimas.

IA como ferramenta para golpes complexos
Outro golpe que se tornou famoso foi o de um executivo em Hong Kong, que transferiu US$ 25 milhões após criminosos simularem uma videochamada com colegas, usando vídeos falsos gerados por IA. O nível de detalhamento era tão convincente que o executivo não percebeu a fraude até ser tarde demais. Golpistas têm usado a técnica de "engenharia social" para coletar informações pessoais e manipular as vítimas a fornecerem mais dados.

Influenciadores e celebridades como alvo
Além de fraudar diretamente as vítimas, a IA também permite que criminosos utilizem a imagem e a voz de figuras públicas para enganar o público. Recentemente, o influenciador Dario Centurione denunciou um golpe que utilizava sua imagem para vender produtos falsos, e Bruna Tavares, do setor de beleza, relatou ter encontrado uma conta falsa que usava sua voz para promover maquiagens. "Eu tremi, o coração acelerou", contou Bruna, expressando o medo de ver sua voz clonada em um golpe.

Os desafios na identificação de fraudes
Apesar dos sinais de falsificação, como erros em vídeos e áudios, muitas vítimas ainda caem nesses golpes, especialmente pelo uso de versões pagas das ferramentas de IA, que produzem conteúdos quase perfeitos. Brunno Sarttori, especialista em deepfakes, afirma que criminosos não precisam de resultados impecáveis para aplicar golpes, pois muitas pessoas ainda não estão familiarizadas com essas tecnologias.

Como se proteger?
Diante do avanço das fraudes digitais, especialistas recomendam criar uma palavra secreta para validar pedidos de dinheiro e sempre desconfiar de contatos inesperados. Mesmo que as grandes empresas de tecnologia possam detectar conteúdo falso, elas não investem na prevenção, aponta Sarttori, por falta de regulamentação e pressão social.