São Gonçalo do Rio Abaixo se destaca entre cidades mineradoras do Brasil

A cerca de 90 quilômetros da capital mineira, entre a Região Metropolitana de Belo Horizonte e o Vale do Aço, um pequeno município de pouco mais de 12 mil moradores tem chamado atenção nacionalmente. São Gonçalo do Rio Abaixo apareceu com destaque em uma pesquisa realizada pela organização Agenda Pública, que avaliou o nível de desenvolvimento em cidades com forte ligação à mineração.

Foto:Ricardo Teles/Vale

No levantamento, foram analisadas dimensões como infraestrutura urbana, qualidade da educação, saúde, preservação ambiental, acesso a serviços públicos, geração de renda, saneamento, mobilidade e gestão pública. Quando considerado o critério de “capacidades de desenvolvimento”, o município mineiro ficou em segundo lugar no ranking nacional, perdendo apenas para Treviso, em Santa Catarina. São Gonçalo obteve uma pontuação de 0,679, classificada como de média condição de vida.

Outras cidades mineiras que se destacaram na pesquisa foram Nova Lima, Catas Altas e Sarzedo, reconhecidas por sua estrutura administrativa eficiente, dinamismo econômico e bons índices de infraestrutura e gestão pública.

No entanto, quando os dados analisaram as “capacidades socioambientais”, São Gonçalo do Rio Abaixo liderou o ranking nacional, figurando também no topo da lista quando a medição considerou apenas as condições de vida dos moradores. Segundo a Agenda Pública, os indicadores nessa categoria envolvem, entre outros, o desempenho escolar, acesso à educação básica, saúde, emprego, proteção social e preservação ambiental.

Sérgio Andrade, diretor executivo da Agenda Pública e coordenador da pesquisa, explicou que o estudo abrangeu 87 municípios com perfis econômicos semelhantes, todos com mais de 5% da receita vinculada à atividade mineral. No caso de São Gonçalo do Rio Abaixo, o bom desempenho é atribuído, segundo ele, à forma como o município tem conduzido a mineração local.

No município, a operação da Mina de Brucutu, administrada pela Vale, representa aproximadamente 90% do orçamento municipal, de acordo com informações da prefeitura. Sérgio Andrade afirmou que a gestão técnica e as políticas de longo prazo foram determinantes para os bons resultados alcançados.

“A cidade tem um secretariado muito técnico e competente, além de políticas que se desenvolveram e se mantiveram ao longo do tempo”, destacou o diretor.

Há, segundo Andrade, uma estratégia clara de atrair investimentos e promover a diversificação da economia local, aproveitando com responsabilidade o potencial mineral da região. Ele também chamou atenção para a importância de se planejar para o período pós-extração.

“É fundamental que o bem-estar atual, proporcionado pela mineração, não se transforme em um problema no futuro. É preciso usar os recursos de forma estratégica, criando riqueza duradoura para as próximas gerações, mesmo quando a atividade mineral deixar de existir”, alertou.

A pesquisa reforça a importância de políticas públicas bem estruturadas nos municípios mineradores, especialmente em tempos de alta arrecadação, como forma de garantir desenvolvimento sustentável e evitar impactos negativos futuros.