51% dos brasileiros rejeitam consumo de insetos, revela estudo da Unicamp

Antônio Bisconsin Júnior, cientista de alimentos e professor do Instituto Federal de Rondônia, realizou um estudo na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), constatando que 51% dos brasileiros rejeitam a ideia de incluir insetos em sua dieta. Apenas 13% expressaram interesse em experimentá-los.

O estudo teve início em 2017 e contou com a colaboração de equipes que visitaram oito cidades de todas as regiões do Brasil, entrevistando 780 brasileiros. Desses, 28% mencionaram que só comeriam insetos em situações extremas de sobrevivência, enquanto 24% se mostraram curiosos sobre o sabor.

Influências e Percepções

A iniciativa para a pesquisa surgiu em 2013 após a ONU publicar um relatório global destacando os benefícios de insetos na dieta humana. Além de serem fontes ricas de proteínas e outros nutrientes, a produção de insetos é mais sustentável, exigindo menos recursos e emitindo menos gases de efeito estufa.

Grilos e gafanhotos tiveram a melhor aceitação, com uma nota de +34, enquanto baratas foram fortemente rejeitadas com uma nota de -44.

Desenvolvimento de Produtos Alimentícios à Base de Insetos

A pesquisa também se aprofundou em possíveis formas de apresentação de alimentos à base de insetos. 33% dos entrevistados expressaram que comeriam se fossem fritos, e 12% só os consumiriam se estivessem disfarçados no alimento.

Com essa informação, a equipe de pesquisa desenvolveu farinha à base de grilos, assim como um concentrado proteico, similar ao "whey protein" tradicional, mas derivado de grilos.

Implicações Nutricionais

Fabiana Fiuza Teixeira, nutricionista do Hospital Israelita Albert Einstein, ressaltou a importância de alternativas proteicas sustentáveis, como o concentrado de grilo, que pode ser usado em diversos produtos, desde sorvetes a pães.

Diferenças Culturais e Regionais

O estudo também identificou diferenças regionais na aceitação de insetos como alimento. Moradores das regiões Norte e Centro-Oeste foram mais receptivos, possivelmente devido à influência cultural indígena, onde o consumo de insetos já é parte da dieta tradicional.

Bisconsin Júnior enfatiza que, embora possa parecer estranho para alguns, o consumo de insetos é comum em muitas culturas, e com as tendências sustentáveis crescentes, pode se tornar mais prevalente no futuro próximo.