CFM aponta violência contra médicos a cada três horas no Brasil
Levantamento revela aumento nos casos, com mais de 38 mil registros desde 2013
Por Plox
23/10/2024 08h24 - Atualizado há 12 dias
Dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) mostram que, a cada três horas, um médico sofre violência em seu local de trabalho, seja em unidades públicas ou privadas no Brasil. O levantamento, divulgado na terça-feira (22), abrange boletins de ocorrência de 2013 a 2024, com registros em todas as delegacias de polícia civil dos estados brasileiros.
Atualmente, são relatados em média nove episódios diários de violência contra médicos. Segundo o CFM, o número de queixas tem crescido continuamente, com 2023 registrando um recorde de 3,9 mil casos, enquanto os dados completos de 2024 ainda serão apurados.
Aumento expressivo de casos ao longo da década
O total de boletins de ocorrência contabilizados alcança 38 mil, envolvendo ameaças, injúrias, desacatos, lesões corporais e difamações em diversos ambientes de saúde, como hospitais, clínicas, pronto-socorros e consultórios. Dos registros, 47% são de médicas vítimas de agressões, e há relatos de mortes suspeitas em estabelecimentos de saúde.
Em 2013, o país contabilizava cerca de 2,7 mil casos, um número que saltou para 3,9 mil em 2023. Em média, ocorreram 11 novos registros diários no ano passado.
Maior parte dos casos ocorre no interior do país
Os dados apontam que 66% das ocorrências acontecem em municípios fora das capitais. Na maioria dos casos, os agressores são pacientes, familiares ou desconhecidos, mas há também situações envolvendo outros profissionais de saúde, como enfermeiros e técnicos.
São Paulo lidera o número de casos
O estado de São Paulo concentra 26% dos registros nacionais, com 18 mil dos 38 mil casos totais. Entre os incidentes relatados, 45% ocorreram em hospitais, seguidos por postos de saúde (18%) e clínicas (17%). A média de idade dos médicos agredidos é de 42 anos, com uma proporção significativa de vítimas do sexo feminino.
Paraná e minas gerais entre os estados com mais ocorrências
O Paraná, com 3,9 mil registros, é o segundo estado com maior número de episódios, com Curitiba concentrando 12% dos casos. Minas Gerais aparece em terceiro, com 3.617 ocorrências, sendo 22% delas em Belo Horizonte.
Lacunas nos dados de algumas regiões
O levantamento apontou falta de informações completas em algumas áreas. Rio Grande do Norte não enviou dados, enquanto Acre não possui registros na base. Em estados como Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, os números foram estimados devido a dados incompletos ou registros sem especificação da profissão das vítimas.
Orientações do cfm para médicos vítimas de violência
O CFM recomenda que, em situações de ameaça, os profissionais registrem ocorrência, notifiquem as diretorias das unidades e encaminhem pacientes a outro médico, quando não houver urgência. Em casos de agressão física, o conselho orienta que o médico registre boletim de ocorrência, realize exame de corpo de delito e informe a direção do hospital para substituição imediata.