Política

Suposto lobby de Alexandre de Moraes em favor do Banco Master leva Senado a articular CPI

Revelação de encontro do ministro do STF com o presidente do BC para tratar de banco investigado por fraudes bilionárias, que tinha contrato milionário com escritório de sua esposa, mobiliza oposição e centro por CPI ampla e pode alimentar pedidos de impeachment

23/12/2025 às 11:08 por Redação Plox

 A controvérsia em torno do Banco Master ganhou novo fôlego no fim de 2025, após a divulgação de relatos de que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teria procurado o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, para tratar da situação da instituição financeira. A informação foi revelada pela colunista Malu Gaspar, do jornal “O Globo”.

Senadores se mobilizam para apurar supostos conflitos de interesse envolvendo conversas do ministro com presidente do BC e contratos milionários do banco.

Senadores se mobilizam para apurar supostos conflitos de interesse envolvendo conversas do ministro com presidente do BC e contratos milionários do banco.

Foto: Reprodução / STF.



Apesar de o Banco Master já estar sob investigação por supostas fraudes bilionárias, a notícia provocou reação imediata no Congresso. Parlamentares da oposição e do centro se articulam para coletar assinaturas e instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar possíveis conflitos de interesse envolvendo autoridades e o banco.

Pressão por CPI e suspeitas de conflito de interesse

Em nota, Alexandre de Moraes afirmou que os encontros com Gabriel Galípolo trataram exclusivamente das sanções previstas na Lei Magnitsky, afastando a hipótese de que tenham abordado questões relacionadas ao Banco Master. O posicionamento do ministro foi encaminhado à imprensa e pode ser consultado na íntegra ao final da reportagem original.


O senador Carlos Portinho (PL-RJ) considera que o episódio pode revelar um problema mais amplo dentro do Judiciário. Segundo ele, uma eventual CPI no Senado teria escopo mais abrangente do que a apuração pontual sobre o Banco Master, alcançando a atuação de familiares de ministros do STF que exercem a advocacia na Corte e possíveis benefícios decorrentes dessas relações. Para o parlamentar, o avanço das investigações tende a impulsionar novos pedidos de impeachment.


Já o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), visto como um nome mais moderado, anunciou que vai se dedicar à coleta de assinaturas para a criação da CPI. Ele defende que a apuração alcance não apenas os supostos contatos de Moraes com Galípolo, mas também um contrato milionário entre o Banco Master e o escritório de advocacia da família do ministro, apontado como “fora dos padrões da advocacia”, além de outros indícios de eventual atuação direta do magistrado em favor da instituição.

Encontros, ligações e negócios com o Banco Master

De acordo com relatos ouvidos por Malu Gaspar, Alexandre de Moraes teria mantido ao menos quatro contatos com Gabriel Galípolo em julho: três por telefone e um encontro presencial. Nesses diálogos, o ministro teria buscado informações sobre o andamento de uma operação envolvendo o banco e defendido argumentos favoráveis à instituição controlada pelo empresário Daniel Vorcaro.


As conversas ocorreriam em meio a uma investigação mais ampla contra o Banco Master, que culminou na decretação de sua liquidação extrajudicial pelo Banco Central, em novembro, após a identificação de indícios de irregularidades na emissão de créditos. Na mesma data, a Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro e outros executivos ligados ao caso.


A reportagem também registra que o escritório da esposa de Moraes, Viviane Barci de Moraes, teria firmado um contrato de R$ 3,6 milhões mensais com o Banco Master, com duração prevista de três anos, o que totalizaria cerca de R$ 129 milhões. O acordo previa a representação dos interesses da instituição financeira, embora órgãos reguladores informem não haver registros de pedidos formais ou reuniões conduzidas em nome do banco.

Reuniões sobre a Lei Magnitsky e repercussão internacional

No posicionamento divulgado à imprensa, Moraes esclareceu que, em razão da aplicação da Lei Magnitsky, participou de encontros com autoridades e executivos do sistema financeiro, entre eles o presidente do Banco Central, a presidente do Banco do Brasil, o presidente e o vice-presidente jurídico do Itaú, além de representantes da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), Febraban, BTG, Bradesco e Itaú.


Segundo o ministro, essas agendas trataram exclusivamente das graves consequências da Lei Magnitsky, em especial temas como a manutenção de movimentação bancária, contas correntes e cartões de crédito e débito para alvos de sanções.


A Lei Magnitsky prevê sanções econômicas e restrições financeiras a indivíduos e entidades punidos pelo governo dos Estados Unidos, impondo medidas como congelamento de bens e proibição de transações financeiras e comerciais com empresas ou bancos norte-americanos. Nas últimas semanas, o governo Donald Trump retirou o nome de Alexandre de Moraes da lista de sancionados.

Silêncio do Banco Central e aguardo de manifestações

Até o momento, nem o Banco Central nem o presidente Gabriel Galípolo comentaram os relatos sobre os encontros com Moraes ou as suspeitas levantadas no Congresso. 

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